Acabou mal a festa dos adeptos benfiquistas que se juntaram, ontem à noite, na Praça da Liberdade, no Porto, para festejar a conquista do título, obtido pouco tempo antes no Estádio do Bessa. Não fosse a mobilização rápida dos 200 elementos do Corpo de Intervenção da PSP, as consequências poderiam ter sido bastante mais graves, uma vez que o local se tranformou em batalha campal com a chegada da claque portista do Estádio do Dragão..A situação esteve relativamente pacífica até cerca das 22.00. Havia troca de cânticos, alguns insultos, mistura de adeptos, confusão em torno das câmaras de televisão. Os benfiquistas iam sendo abafados progressivamente, mas havia um clima de segurança, com a presença visível da PSP e os portistas relativamente calmos, ostentando bandeiras, agitando cachecóis, mas não excedendo os limites da decência. Parecia que a festa iria ser partilhada, num momento raro de convívio entre facções inconciliáveis. O problema começou depois. Uma movimentação enorme no topo da Avenida dos Aliados anunciava a chegada de um batalhão de Superdragões, que acelerou o passo à medida que se aproximava do local onde decorria a festa. A partir de um certo ponto, os elementos na dianteira do grupo começaram a correr, esticando os braços e abrindo os pulmões para insultar com todas as letras o clube da Luz..Gerou-se o pânico na Praça da Liberdade. O vagalhão de portistas parecia ir atropelar todos aqueles vestidos de vermelho e chegou a encurralar alguns grupos e a agredi-los. Era o salve-se quem puder. Durante cerca de cinco minutos as pessoas pareciam estar à mercê de toda a imprevisibilidade da situação. Corria-se em todas as direcções. Parecia estar aberta a caça ao benfiquista. Começou então a mover-se o contingente da polícia de choque, cercando em poucos minutos todo o local. Houve pessoas que foram imediatamente detidas. As ambulâncias já se ouviam. De um dos edifícios da praça choviam garrafas sobre a multidão. No chão, bandeiras queimadas e os restos de uma festa estragada.