Sucesso das novelas ao som da música

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Juraaa...que não vais ter uma aventura/Dessas que acontecem numa altura/E depois se desvanecem/Sem lembraça boa ou má...", cantou Rui Veloso na apresentação da nova novela da SIC, Jura. Teresa Guilherme, a directora de ficção da estação, disse: "adoro esta música! Vai ser um sucesso na novela." Tal como aconteceu com Todo o Tempo do Mundo, da TVI, em que o cantor deu a sua música ao tema principal.

E se a aposta da SIC é uma novela que aborda temas sociais bem actuais como o alcoolismo ou as relações pais/filhos num grupo de quatro amigos, só a música para dar toque de mestre no animar de sentimentos e estados de espírito. "É a banda sonora que ajuda a dar consistência aos mundos cada vez mais elaborados da ficção nacional", diz ao DN João Matos, guionista da Dot Spirit (a casa criativa da SIC, responsável pelo enredo de Floribella). E daí resulta que da escolha das músicas - a do genérico e as interiores - depende também o impacto das imagens, a força das personagens, a qualidade de um guião.

"Se as pessoas se deixam agarrar por uma música isso pode significar mais audiência para a telenovela", apoia o cantor e compositor Toy, responsável pelos genéricos (e alguns dos temas) de Olhos de Água, O Último Beijo, Nunca Digas Adeus e Tudo Por Amor. "O facto de serem ouvidas todos os dias, à hora da novela, ditou o sucesso de muitas músicas", considera. Acaba por haver um mecanismo de identificação da banda sonora com o produto que beneficia ambos. "E isso é muito positivo."

Paulo Gonzo, que após nove anos voltou ao estúdio para actualizar os contornos de Dei-te Quase Tudo - a emprestar o nome ao êxito do horário nobre da TVI -, é outro dos autores solicitados para ditar o tom da ficção escolhida por José Eduardo Moniz para a grelha da sua estação.

"O áudio anda sempre a par das imagens", afirma, após ter visto o modo como Jardins Proibidos (outro tema por si assinado a nomear um produto de ficção) resultou bem junto do público, ajudando a desmistificar a ideia de que era "menos nobre" ter músicas numa novela.

"A partir de certa altura a importância das músicas nas telenovelas cresceu, começaram mesmo a vender-se mais álbuns", recorda o músico que, além dos temas dos genéricos, criou também Sei-te de Cor (ligado à personagem interpretada por Pedro Granger em Dei-te Quase Tudo) e Falamos Depois (a enquadrar o papel de Fernanda Serrano).

O processo é quase sempre muito simples: um tema que marque o público fora do pequeno ecrã tem boas probabilidades de ser escolhido para ser banda sonora de novela. Tal como são também as telenovelas o palco privilegiado para ver nascer músicas e bandas que ganham vida própria, sendo um sucessos.

Mais-valia recíproca

"É bom que as novelas usem a música portuguesa", confirma Viviane, a vocalista dos Entre Aspas, vendo o efeito que os seus Amores Improváveis e A Vida Não Chega tiveram em Mundo Meu, da TVI. "É óptima esta prática, ajuda a promover as minhas músicas."

"Quando uma novela tem uma banda sonora muito forte, a própria música ajuda a escrevê-la. Ajuda a definir as emoções que os telespectadores sentem em relação a cada uma das personagens", defende João Matos. Viu nascer os D'ZRT nos Morangos com Açúcar II (que ajudou a escrever) e viu afirmar-se a banda da Flor, agora que é responsável pelo argumento de Floribella (com Vera Sacramento e Raquel Palermo). "Fico orgulhoso por ver que tanto um grupo como o outro tiveram sucesso: mostra que as personagens resultaram e são credíveis".

Em Ninguém Como Tu, o seu coordenador Ivan Coletti, reconhece que foi João Pedro Pais quem deu cartas .Também os Santos & Pecadores assumiram a preferência pelas baladas ao aceitarem o convite da NBP para "colarem" um dos seus maiores êxitos à novela com o mesmo nome, Fala-me de Amor. A receita (de sucesso) está para durar. *Com PB

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