Stop. O sinal que a maioria dos condutores não respeita

No ano passado 3141 automobilistas foram autuados por infração à paragem obrigatória. Prevenção Rodoviária observou este comportamento em 1845 condutores
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No ano passado foram multados por mês cerca de 260 condutores por não pararem no sinal Stop. No total a PSP e a GNR autuaram 3141 automobilistas que desrespeitaram uma das normas mais básicas da segurança nas estradas: a paragem obrigatória em cruzamentos e entroncamentos. A média mensal foi obtida pelo DN a partir de dados cedidos pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

Os números mostram uma subida em relação a 2014, quando já tinham sido multados 2243 por esta contraordenação muito grave. Trata-se de uma infração que pode resultar na apreensão da carta de condução durante um período de dois meses e dois anos e no pagamento de uma coima que vai dos 99,76 até aos 498,80 euros.

Para a Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) esta atitude perigosa nas estradas não é novidade. "Não parar no sinal Stop em cruzamentos e entroncamentos e arrancar já depois do semáforo vermelho acender são comportamentos "maus" que detetámos numa observação a 1845 condutores, em várias localidades do país, realizada em 2014" , adiantou ao DN José Miguel Trigoso, presidente da PRP. Esses dados foram entregues na altura à ANSR, governo e polícias.

85% não pararam

A observação da Prevenção Rodoviária baseou-se em duas situações: os condutores que chegam ao sinal Stop com veículos a passar na rua onde vão entrar e os que chegam ao sinal sem estarem condicionados por carros a passar. "No segundo caso, quando os condutores não viram nenhum veículo na estrada, 85% não pararam no sinal, só 15% é que o respeitaram", referiu. Já no primeiro caso, em que o perigo era visível, "83% das pessoas pararam e só arrancaram quando já não havia carros a passar e 17% forçaram a passagem, levando os outros a reduzir a velocidade ou até a parar a marcha".

Dos 1845 automóveis observados, 1175 chegaram ao cruzamento com carros a passar na via e outros 670 chegaram sem ter veículos a passar. "Dos 1175 que não tinham carros a passar, só 178 é que pararam no sinal Stop. Os outros 997 seguiram em frente sem parar".

Quando fez este estudo a PRP observou também outros comportamentos como o consumo de álcool, o uso do cinto de condução, o respeito aos semáforos, a relação com os peões, as velocidades, assinalar com o pisca a mudança de direção, entre outros.

Submetida a duas operações

Não obedecer à paragem obrigatória pode provocar uma morte ou um acidente com consequências que ficam para toda a vida dos envolvidos. Um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 26 de março de 2015, refere o caso de Conceição, uma monitora de aeróbica que embateu com o seu carro num pesado de mercadorias. O motorista não parou no Stop que estava na estrada onde circulava, antes de mudar de direção. Ao virar na via em que seguia Conceição, o camião ocupou toda a estrada. A condutora ainda tentou travar, para evitar o acidente, mas acabou por embater na lateral direita do camião. Conceição esteve uma hora para ser desencarcerada do carro. Fez duas operações, a primeira para encavilhamento do fémur direito e aplicação de placa e parafusos na tíbia esquerda; a segunda de extração da cavilha do fémur direito e da placa da tíbia. Deixou de dar aulas de aeróbica.

Segundo dados da PSP avançados ao DN, foram 5758 os condutores autuados em 2015 por um conjunto de infrações: desrespeito ao sinal Stop, desobediência ao sinal de paragem por agentes de autoridade e à sinalização luminosa (luz vermelha). Em 2014 foram 6014 autuados por essas três infrações.

Maus nos semáforos e piscas

José Miguel Trigoso frisa que a PRP encontrou outros "comportamentos particularmente maus" além da não paragem no Stop. "Observámos 1354 carros junto aos semáforos. Primeiro, quisemos ver quem parava no amarelo e quem avançava. Desistimos: ninguém para no amarelo". A PRP foi depois ver quem passava já depois do sinal vermelho surgir. A resposta impressionou. "39% dos condutores que chegam ao semáforo passam nos primeiros três segundos depois deste ficar vermelho. É muito!", enfatiza o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa.

Assinalar a mudança de direção com os "piscas" também não é hábito. "46% das pessoas que iam virar em cruzamentos ou entroncamentos não fizeram pisca", concluiu.

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