A agência de notação financeira Standard and Poor's (S&P) manteve inalterados o 'rating' e a perspetiva do Banco Comercial Português (BCP), depois de a chinesa Fosun ter passado a controlar 16,7% do seu capital.."Mantemos os 'ratings' de crédito de longo e curto prazo em 'B+' e 'B'", respetivamente, anunciou a S&P, explicando que o 'outlook' [perspetiva] também permanece "positivo", refletindo "as possibilidades de o banco continuar a fazer progressos na diversificação das suas fontes de financiamento, e o ambiente operacional para os bancos em Portugal estar a ficar menos arriscado"..A Fosun Industrial Holdings, grupo de investimento chinês, subscreveu no passado fim de semana um aumento de capital privado do BCP, investindo 175 milhões de euros para controlar 16,7% do capital do banco liderado por Nuno Amado..Além disso, a Fosun anunciou a sua vontade de vir a aumentar futuramente esta participação até aos 30%..Ainda assim, a S&P manteve as suas análises inalteradas, justificando esta posição com o facto de considerar que o baixo preço das ações do BCP torna pouco expressivo o aumento de capital concretizado.."Não consideramos o aumento de capital suficientemente grande para nos levar a tomar uma visão mais positiva sobre a sua capitalização", salientou a S&P numa nota de análise.."Reconhecemos, contudo, que o reforço de capital dá ao banco alguma flexibilidade para acomodar um pagamento parcial dos instrumentos híbridos de capital que ainda tem que reembolsar ao Estado", indicou..Segundo a S&P, também o perfil de negócio da Fosun, "que era um conglomerado industrial mas se está a transformar numa 'holding' de investimentos", a sua "presença limitada no setor bancário antes deste negócio", a "elevada alavancagem da dívida" e a "relativamente pequena percentagem que o BCP representa no portefólio" de investimentos da Fosun, levam a agência de notação a duvidar que o banco português venha a beneficiar de uma subida do 'rating' que reflita o apoio do grupo..Mesmo assim, a S&P espera que a Fosun seja um "acionista mais ativo do que passivo", uma vez que pediu para ter representação no Conselho de Administração do BCP..Inicialmente, o grupo chinês vai contar com dois administradores, mas se atingir uma fatia de 23% no capital do BCP poderá nomear mais um administrador..O facto de a Fosun ter concordado com o impedimento de vender a sua participação no BCP durante os próximos três anos também "sugere, pelo menos, um interesse de médio prazo" no banco, constatou a S&P..E destacou: "Apesar de não haver declarações públicas, consideramos que a entrada da Fosun pode alterar o atual plano de negócio do BCP. Mas quaisquer mudanças, caso venham a acontecer, só teriam lugar depois de o banco completar o plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia"..A S&P apontou ainda para os fatores que suportam o atual nível de 'rating' do BCP: a marca sólida em Portugal, os benefícios da diversificação geográfica derivados da sua lucrativa operação na Polónia, e os progressos alcançados até agora na sua reestruturação.