"Valeu a pena. Saboreei cada momento deste caminho", sintetizou a astrobióloga e professora do Instituto Superior Técnico, onde se licenciou em química antes de emigrar..Zita Martins falou na conferência "Ciência portuguesa pelo mundo", promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos..Depois de ver o filme "Contacto", baseado no livro homónimo do cosmólogo Carl Sagan, a investigadora decidiu que queria ser "astrobióloga", aplicar "a química ao cosmos". ."Sair de Portugal por um sonho", quando "havia muito dinheiro para a ciência", levou-a à Holanda, onde se doutorou em astrobiologia, aos Estados Unidos, onde recusou ofertas de emprego na agência espacial NASA, e ao Reino Unido, onde descobriu que o impacto de um cometa num planeta, fora ou dentro do Sistema Solar, pode produzir os "blocos fundamentais" da vida, os aminoácidos. .No rebuliço da cidade de Londres, Zita Martins tomou a decisão de voltar a Portugal fazendo jus a um outro sonho: o de ser a primeira astrobióloga portuguesa a trazer o conhecimento adquirido para o seu país..O sonho tornou-se realidade no Instituto Superior Técnico, a 'casa-mãe' onde é professora associada e onde promete continuar a estudar a origem e a evolução da vida no Universo..Zita Martins foi hoje um dos três investigadores que testemunharam o seu percurso científico no estrangeiro..Nuno Fontes, engenheiro químico a trabalhar em Silicon Valley, na Califórnia, nos Estados Unidos, antecipou o seu regresso dentro de cinco anos a Portugal, onde tenciona "dar um contributo" para a universidade e montar uma empresa no setor da biotecnologia farmacêutica..Considera que, na ciência, "Portugal está a mudar na direção certa, mas ainda não está onde devia estar"..Francisco Bethencourt, professor de história no King's College de Londres, no Reino Unido, entende que o panorama científico português "está melhor agora do que há 20 ou 30 anos".."O problema é institucional", advogou o especialista em história do racismo no mundo atlântico e história comparada da expansão europeia..O investigador e docente queixou-se da limitação no acesso às grandes bases de dados e da falta de dinheiro da Biblioteca Nacional para comprar livros.."Há problemas estruturais nesta área [ciências humanas]", defendeu, lamentando que haja "imensas competências que não estão a ser aproveitadas".