Mais de 300 empresas manifestaram o seu interesse em integrar a missão que acompanhará José Sócrates na visita a Angola nos próximos dias 4 a 7 de Abril. A exuberância do boom económico angolano justifica-o: um crescimento de 13,28% em 2005 e, para este ano, prevêem-se uns extraordinários 27%, quase três vezes o crescimento económico chinês..As empresas fizeram chegar os seus desejos de integrar a comitiva do Governo português ao ICEP, ao Ministério da Economia e a S. Bento, aos assessores económicos do primeiro-ministro. Muitos empresários utilizaram o telefone, alguns foram recebidos: mas todos foram convidados a reduzir a escrito as suas pretensões. Essa informação foi toda concentrada no ICEP, o qual, para cada empresa, criou uma ficha com sete "janelas" (ver texto na página ao lado), explicando o que faz, quanto exporta ou investe em Angola e o que é que, em concreto, esperava conseguir com esta visita. .O Gabinete de José Sócrates recebeu estas sínteses e, das 300 e tal candidatas, escolheu 80: só grandes empresas (ver caixa) e uma dúzia de PME "grandes" com tradição exportadora consolidada. De fora ficaram muitas empresas grandes e, acima de tudo, dezenas e dezenas de PME, que viram nesta visita uma oportunidade interessante para expandir o seu negócio.."Essas empresas não as levamos", esclarece desde logo um assessor económico do primeiro-ministro. "Uma visita de Estado de três dias não é o contexto adequado para fazer prospecção de mercado - há muitas mais acções, tanto do Ministério da Economia como, sobretudo, do ICEP, que podem ser muito mais úteis e proveitosas para as PME". E recorda a visita conduzida pelo ICEP - que decorre esta semana, oito dias antes da chegada de Sócrates - de 15 empresas metalúrgicas e metalomecânicas portuguesas. .Não é episódio único. Nos próprios dias da visita, e no hotel onde vai ficar instalada a comitiva oficial em Luanda, será lançada a Farma Portugal, uma plataforma de distribuição de produtos farmacêuticos protagonizada pela Apifarma e pelo Infarmed. Logo a seguir, visitará Angola uma delegação empresarial da Associação Industrial de Aveiro. Em Maio haverá a Alimentícia, feira de produtos agro-alimentares de Luanda, onde estarão presentes muitas empresas nacionais: os produtos alimentares constituem, de longe, o maior volume de exportações de Portugal para Angola..Os critérios de selecção.Em Junho haverá um congresso de empresas farmacêuticas, com forte presença portuguesa. Em Julho realizar-se-á a Filda (Feira Internacional de Angola) com stands de mais de cem empresas portuguesas. Em Outubro será a vez de mais uma numerosa delegação empresarial rumar a Angola, desta vez do sector da construção civil e obras públicas..Na escolha das empresas que acompanham o primeiro-ministro para a semana, o primeiro critério tido em conta foi o da "implantação", ou seja: o de já ter negócio com Angola. A "relevância da presença" foi o item que se seguiu, apurando-se quanto facturam ou quanto já investiram naquele mercado. Segue-se a "relevância estratégica", o que, neste caso, significa a correspondência às manifestações de interesse feitas por Luanda: os angolanos pediram, em primeiro lugar, empresas agro- -alimentares e, em segundo, de tecnologias de informação .."Houve também um ponto importante que tivemos em consideração: negócios na iminência de serem fechados e que precisam de um último empurrão", esclarece um assessor de José Sócrates. As vantagens, neste caso, são mútuas: as empresas beneficiarão de apoio diplomático ao mais alto nível e José Sócrates terá a formalização de contratos com empresas portuguesas a abrilhantar-lhe a visita a Angola. C