Só venda de Diogo Costa permitirá encaixe idêntico às últimas cinco épocas

Para cumprir meta dos 80 milhões de euros por temporada, os dragões terão de vender alguma das três joias. Ofertas pelos três mais valiosos aquém do valor das cláusulas de rescisão.
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Afinal a necessidade de vender jogadores não é assim tão urgente para o FC Porto, que entretanto já acionou o botão: saídas só pelo valor da cláusula. Olhando para as receitas das últimas cinco janelas de transferências, a SAD dos dragões fez quase 400 milhões de euros, numa média de cerca de 80 milhões por temporada. Um valor que este verão parece difícil de alcançar, a não ser que algum clube bata o valor da cláusula de rescisão de Diogo Costa, o jogador mais valioso do plantel.

Na época 2022-23, os dragões fizeram 86,05 milhões de euros com a saída de jogadores, sendo que a ida de Vitinha para o PSG foi a transferência mais valiosa (41,50ME). Em 2021-22, a receita foi de 72,25, contando com os 47 milhões que o Liverpool pagou pelo passe de Luis Díaz. Em 2020-21 Fábio Silva rumou ao Wolverhampton deixando 40 milhões nos cofres do Dragão, que ajudaram o clube a chegar aos 76, 15 milhões em saídas. A época 2019-20 foi a mais lucrativa dos últimas cinco (88 ME), muito por culpa dos 50 milhões pagos pelo Real Madrid para levar Éder Militão, enquanto a de 2018-19 foi a que rendeu menos (72,55 ME) e teve a saída menos volumosa: Pereira foi o mais valioso e rendeu apenas 22 milhões de euros.

Bayern Munique, Manchester United, Chelsea, Tottenham, Newcastle foram alguns dos clubes que mostraram interesse no guarda-redes, que colocou o destino nas mãos do empresário Jorge Mendes. A cláusula de rescisão de Diogo Costa foi aumentada quando renovou contrato até 2027, sendo agora de 75 milhões de euros.

Trata-se de valor elevado para um guarda-redes, que pode colocar o dono da baliza da seleção nacional como segundo mais caro de sempre. O recordista é o espanhol Kepa Arrizabalaga, que rendeu 80 milhões ao Athletic Bilbau quando se mudou para o Chelsea, em agosto de 2018. No entanto, as propostas por Diogo Costa, segundo soube o DN, não ultrapassaram dos 40 milhões de euros.

O mercado ficou em alvoroço a 5 de junho, dia em que foram apresentados os resultados do empréstimo obrigacionista lançado pela SAD do FC Porto, que permitiu um encaixe de 55 milhões de euros para "financiar a tesouraria num momento particularmente delicado". Nessa ocasião Fernando Gomes, administrador da SAD, anunciou que o clube estava obrigado a fazer uma venda até ao dia 30 de junho (amanhã) "para equilibrar as contas".

O responsável pelas finanças portistas não disse quanto era preciso para chegar ao tal equilíbrio de contas e evitar ficar de novo sob olhar apertado da UEFA, no caso de incumprimento das regras do fair-play financeiro. Contudo, tendo em conta a avaliação dos jogadores do plantel no site Transfermarkt, apenas três jogadores estão na fasquia acima dos 22 milhões de euros, que foi o valor mínimo de uma venda do FC Porto nos últimos cinco anos: são eles Diogo Costa (45M€), Otávio (35M€)e Pepê (25M€). As ofertas que chegaram ao Dragão foram muito inferiores ao desejado pela administração da SAD e estão muito longe do valor de saída sem negociação, um dos requisitos agora estipulados para não delapidar a equipa treinada por Sérgio Conceição.

Depois de Diogo Costa, Otávio é o futebolista mais valioso. O internacional português foi eleito o Melhor Jogador do Campeonato, que terminou com o Benfica Campeão Nacional, e continua com uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros - valor que não sofre alterações desde 2014, apesar de já ter renovado contrato por duas vezes, a última das quais em março de 2021, quando estendeu a ligação ao clube até 2025. Nesse verão de 2021, o médio esteve a preço de saldos, com o valor de transferência a baixar para os 40 milhões durante um mês e com o clube a recusar uma proposta de 30 milhões.

Já Pepê tem contrato até 2027 (vínculo reforçado em outubro passado, por mais um ano) e uma cláusula de rescisão de 70 milhões de euros, mas o brasileiro foi de férias garantindo que ia ficar no FC Porto por mais um ano. O mesmo sentimento expressou Mehdi Taremi, segundo o seu empresário. O Melhor Marcador da I Liga tem uma cláusula de 60 milhões, mas está avaliado em apenas 18 milhões e quer continuar no Dragão ou, pelo menos a jogar na Europa, tendo já recusado mudar-se para a Arábia Saudita.

Vender para equilibrar as contas, fazer receita imediata ou cumprir o fair-play financeiro da UEFA é algo recorrente nos últimos anos para os lados do Dragão. Já em janeiro de 2022 o clube foi obrigado a deixar sair o colombiano Luis Díaz quando o Liverpool ofereceu 47 milhões de euros para não violar as regras do fair-play financeiro da UEFA. A transferência permitiu evitar uma multa pesada, que passaria pela retenção dos montantes arrecadados.

Meses depois de fazer um encaixa considerável com Luis Díaz, a SAD do FC Porto informou que época de 2021-22 terminou com lucros de 20,7 milhões, um resultado que permitiu aos dragões sair debaixo da alçada da UEFA. "Cumpridas estas regras, o FC Porto fica definitivamente fora das regras do fair-play financeiro. Foram quatro anos de exigências. O acordo com a UEFA foi integralmente cumprido. Deixamos de ter quaisquer constrangimento neste sentido", assinalou Fernando Gomes em outubro de 2022. Agora, oito meses depois, as finanças portistas estão de novo a precisar de oxigénio.

isaura.almeida@dn.pt

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