60 ONG europeias pedem à Grécia libertação de dois voluntários detidos
"A detenção de Sarah Mardini e Sean Binder é o caso mais recente de uma tendência europeia de criminalizar a solidariedade", sublinham em comunicado conjunto as 60 organizações humanitárias de vários países europeus.
As organizações qualificaram como "intolerável" que existam práticas estatais que penalizem a solidariedade de cidadãos para com os imigrantes, por colocarem em risco os valores europeus fundamentais, incluindo a justiça e os direitos humanos.
A polícia grega acusa Mardini e Binder de terem facilitado a entrada na Grécia de centenas de migrantes entre agosto de 2016 e janeiro de 2018; de espionagem, por terem acompanhado sistematicamente as comunicações dos guardas-costeiros gregos e da Frontex; e de lavagem de dinheiro através das contas bancárias da ONG.
Yaris Pétsikos, o advogado de Mardini e Binder, já questionou as acusações e solicitou a libertação dos seus clientes.
Segundo Petsikos, a maioria dos supostos atos em que supostamente participaram ocorreram quando os arguidos não se encontravam na Grécia.
Mardini ficou célebre em 2015 quando, com a sua irmã Yursa, conduziu a nado até Lesbos uma embarcação que se encontrava à deriva com uma dezena de refugiados, incluindo elas mesmas.
Ambas obtiveram asilo político na Alemanha e Sarah foi convidada pelo então presidente dos EUA, Barack Obama, a discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a crise dos refugiados.
Yursa participou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro como membro da equipa de refugiados, e tornou-se na mais jovem embaixadora de boa vontade da ONU.
Esta iniciativa coincidiu com o anúncio de uma greve pelos funcionários do campo migratório de Moria em Lesbos, com mais de 8.000 residentes, devido ao excesso de população do centro e onde o Governo reconhece uma situação "limite".
Com 8.388 residentes oficialmente recenseados para 3.100 lugares, o campo, primeira porta de entrada migratória na Grécia, ultrapassou todos os recordes de densidade destes centros, refere o comité do pessoal em comunicado.
A situação é "muito difícil, ou no limite", reconheceu o ministro da Política migratória, Dimitris Vitsas, em resposta a um apelo à ajuda emitido pelo responsável municipal da ilha.
Ao exigirem medidas para aliviar a situação no campo, e no imediato aumentar a vigilância policial para proteger residentes e pessoal, os funcionários anunciaram uma greve de zelo a partir de sábado, e uma paralisação do trabalho na segunda-feira.