internet Há 75 mil servidores nacionais, 1251 deles estatais, vulneráveis a ataques informáticos e roubo de informação. O nível de segurança da Internet em Portugal é "perigoso" e põe em causa o acesso indevido a informação do foro financeiro, mas também a propriedade intelectual, para não falar da informação privada..A conclusão é do projecto Vigilis, que analisou 3,5 milhões de endereços electrónicos e 86 mil domínios (.pt). "Se algumas das vulnerabilidades só são acessíveis a pessoas com conhecimentos específicos, outras há que estão ao alcance de um miúdo de 15 anos. São muito simples e há informação na Internet que ensina a fazê--lo passo a passo", diz Francisco Rente, coordenador do projecto. .A iliteracia informática, o facilitismo e os fenómenos de corrupção e oportunismo, nomeadamente concursos de adjudicação para projectos informáticos "em que quem ganha não tem as competências necessárias", estão entre as causas para este cenário e o Estado também não sai de cara lavada. "Não só [o Estado], mas também. Mas no que toca à segurança é bom garantir que quem desenha os sistemas é quem sabe, senão estamos a criar um problema para o dia zero, em que os sistemas estão vulneráveis", acrescenta. .Um estudo satélite concluiu ainda que os utilizadores portugueses da rede social Facebook divulgam muita informação pessoal e profissional. "Ou não ligam à privacidade, ou simplesmente não sabem o risco que correm ao divulgar essa informação tão abertamente", diz o investigador. Foram analisadas 47 características presentes em 78 320 perfis e concluiu-se pela "total ausência de protecção" de dados pessoais . .Informação aparentemente banal, veiculada pelo utilizador - como a morada, fotografias, entidade patronal, etc., - é o suficiente para alguém mal-intencionado se fazer passar por essa pessoa através de um ataque personaliza- do, adianta. Francisco Rente dá mesmo o exemplo dos casos de phishing [fraude electrónica]. "Se já é tão eficaz em massas, imagine-se de forma personalizada", explica. Lembra ainda o exemplo, recente, de uma empresa de telecomunicações sujeita a centenas de comentários negativos no Facebook, após um problema com um cliente. "Isto pode acontecer em sentido oposto, a uma pessoa só ou entre utilizadores. A informação disponibilizada pode servir de base para inúmeros ataques, tecnológicos ou não", alertou. .O Vigilis existe há dois anos e produz dados estatísticos indicadores do nível de segurança da Internet portuguesa. O projecto é da responsabilidade do Centro de Investigação em Sistemas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.