Negociar uma boa taxa de crédito à habitação é uma tarefa nem sempre fácil, com os bancos a fazerem depender a oferta de um spread baixo do grau de envolvimento do cliente com a instituição. Neste ponto, os seguros obrigatórios são uma peça importante da negociação. .A maior parte dos grandes bancos portugueses só oferecem os spreads mais reduzidos aos clientes que subscrevam os seguros nas seguradoras do grupo. Numa ronda feita pelo DN junto dos cinco maiores grupos bancários, conclui-se que apenas o Banco Espírito Santo (BES) e o Santander Totta não penalizam os clientes que optam por fazer os seguros necessários para contratar um crédito à habitação - de vida e de incêndio, que pode ter outras coberturas - nas companhias que não pertencem ao banco..Na Caixa Geral de Depósitos (CGD), o spread mínimo de 0,5 pontos aplicado à Euribor pressupõe que os seguros são feitos na instituição, ou seja, na Fidelidade Mundial. Se o cliente não o fizer, terá um agravamento de 0,3 pontos na margem aplicada à sua taxa (0,2 pontos no seguro de vida e 0,1 pontos no seguros multirriscos)..Quanto ao Millennium bcp, o banco responde que o cliente "não é penalizado" por fazer os seguros obrigatórios numa seguradora fora do grupo, mas acrescenta que quem optar pelas companhias do BCP poderá usufruir de descontos até 0,5 pontos percentuais no spread. .No caso do Banco Português de Investimento (BPI), a situação é idêntica. Não existe penalização directa, mas caso o cliente faça os seguros na Allianz, através do BPI, "pode dar acesso a spreads mais reduzidos"..Todas estas penalizações nem sempre são devidamente comunicadas aos clientes. Algumas instituições, no entanto, alertam para elas nos seus sites, sempre que o cliente faz uma simulação on-line..Para o consumidor, há que fazer bem as contas e verificar se avantagem, em termos de preço, conseguida com uma redução da margem financeiraé maiordo que o preço do seguro praticado por uma outra seguradora..Por outro lado, há que estar atento à "pressão" de venda de seguros de desemprego por parte de algumas instituições. Apesar deste tipo de seguros não serem obrigatórios, são apresentados como "aconselháveis" de subscrever, como forma de conseguir uma taxa de juro mais atractiva. Numa conjuntura de desemprego em alta, o produto poderá ser uma opção válida, mas há que ter em conta todas as situações de excepção e os períodos de carência que este tipo de seguros apresenta..Cross selling. Mas não são só os seguros que são utilizados pelos bancos como "arma" de negociação. Hoje em dia, quanto maior for o número de produtos que o cliente possui em determinado banco, maior é a sua capacidade de negociação e, portanto, melhores são as condições que consegue contratar para fazer um crédito..Domiciliação de vencimentos, pagamentos periódicos ou cartões de crédito são normalmente os produtos e serviços sugeridos ao cliente para que consiga negociar uma taxa mais competitiva..Para os bancos, a concessão de um crédito à habitação é a melhor forma de aumentar o seu cross selling com o cliente, ou seja, o número de produtos bancários que cada cliente possui..As aplicações de poupança e os produtos de investimento também ajudam a reduzir o spread.