Segunda fase da greve de professores em Luanda com adesão parcial

A segunda fase da greve de professores arrancou hoje na capital angolana, Luanda, com um nível de adesão parcial dos docentes, verificou a Lusa em alguns estabelecimentos de ensino.
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O cenário encontrado foi de alunos a manifestarem o seu descontentamento pela falta de aulas e de direções de escolas a confirmaram que as aulas decorreriam "na normalidade".

"Estávamos para realizar hoje uma prova, mas infelizmente não fizemos, porque os professores estão em greve e a direção informou-nos que a greve foi convocada pelos professores e vai até ao dia 05 de maio" disse à Lusa Benigno Ngola, estudante do Instituto Comercial de Luanda.

A paralisação das aulas naquela instituição de ensino médio, no centro da cidade de Luanda, foi confirmada também pela estudante Hélia Fátima da Costa.

"Não tivemos aulas por causa da greve dos professores, que não estão a ser pagos e coloram um anúncio que só teríamos aulas depois do dia 05 do próximo mês", disse.

A segunda paralisação das aulas em Angola, em menos de um mês da primeira, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Professores Angolanos (Sinprof), e deverá decorrer de 25 de abril a 05 de maio, sob protesto de melhores condições laborais, redução da carga horária, pagamento de subsídios, promoção de categorias e aumento salarial.

Em declarações à agência Lusa, o diretor da Escola do 1.º Ciclo do Ensino Secundário 1055 "Ngola Kanine", no distrito urbano da Maianga, Pedro Lundoloki, admitiu serem "legítimas as reclamações dos professores", mas a instituição que dirige não aderiu à greve.

"Concretamente para a instituição, o quadro mantém-se normal, nós temos os nossos alunos nas salas de aulas e os professores também a desenvolverem a sua atividade laboral, a nível de presença dos professores aqui é cem por cento", sustentou.

O ano letivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 01 de fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de dezembro.

O Sinprof diz aguardar desde 2013 por respostas do Ministério da Educação e das direções provinciais de Educação ao caderno reivindicativo, nomeadamente sobre o aumento do salário, a promoção de categoria e a redução da carga horária, mas "nem sequer dez por cento das reclamações foram atendidas".

Também os professores da Escola do 1.º Ciclo do Ensino Secundário 1158 - "1.º de Maio", no centro de Luanda, responderam positivamente à greve convocada pelo Sinprof, segundo confirmou um grupo de alunos daquela instituição.

"Não tivemos aulas porque os professores estão em greve", disséramos alunos à saída da escola.

Cenário idêntico foi igualmente constatado na Escola do 1.º Ciclo Ensino Secundário 1129 "Anangola", onde é visível à entrada um aviso sobre a greve.

"Estamos em greve de 25 de abril a 05 de maio. Unidos somos mais fortes" lê-se no documento afixado naquela instituição de ensino do distrito urbano do Sambizanga, onde alunos da escola primária 1127 também não tiveram aulas.

Posição diferente tiveram os professores da Escola do 2.º Ciclo Ngola Kanine, segundo o diretor daquela instituição, António Ernesto, já que os professores não aderiram à greve.

"Desde a primeira hora, nós reportamos que não houve adesão à greve aqui na nossa escola, porque os alunos e professores vieram à escola, e estamos a realizar as provas dos professores", disse.

A primeira fase da paralisação das aulas em Angola decorreu de 05 a 07 de abril, com o sindicato a denunciar uma "onda de ameaças e intimidações" dos professores em Luanda e no interior do país.

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