"Se perder diretas acaba aqui. É ponto final, parágrafo", diz Rui Rio

Se no sábado for reeleito presidente do PSD, Rui Rio disse à Renascença que vai levar à comissão política nacional a proposta de um acordo pré-eleitoral com o CDS-PP. Afirmou estar "muito mais próximo do pensamento dos portugueses" do que das estruturas do partido.
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Caso não seja reeleito presidente do PSD nas eleições diretas do próximo sábado, Rui Rio não vai ocupar o lugar de deputado na Assembleia da República. "Não. Se eu perder as diretas acaba aqui. Acaba no congresso porque não fujo às responsabilidades. Mas depois é um ponto final, parágrafo", admitiu em entrevista à Rádio Renascença, divulgada esta quinta-feira.

O atual líder social-democrata considerou que "é notório" que tem "muito mais apoio nos portugueses e que Paulo Rangel tem mais apoio no aparelho do PSD". "No meio ficam os militantes e na prática o que este resultado vai dizer é se a maioria dos militantes está mais ligada aos portugueses ou ao aparelho partidário", afirmou, referindo-se ao resultado eleitoral de sábado.

"Também é verdade que o aparelho partidário não se revê na política que eu faço, eu estou muito mais próximo do pensamento dos portugueses do que das preocupações da vida interna do partido. Não é por acaso que não há uma sintonia entre os partidos e os portugueses", argumentou Rui Rio..

Afinal, afirmou, tem "de conquistar os portugueses e depois os militantes têm de decidir se querem ir com os portugueses ou não".

Se for líder do PSD nas legislativas a 30 de janeiro, o partido vai ter um melhor resultado? "Na prática, eu ando na rua, as pessoas falam comigo, recebo mensagens e sinto que estão ao meu lado", começou por responder. "Em teoria, ninguém aparece na vida pública com a intenção de ser primeiro-ministro em 60 dias, nunca na história pós 25 de abril isso aconteceu. O que eu não perceberei é se o partido e os militantes não virem isso", considerou.

Tendo em conta outros desafios que teve no passado à frente do PSD - legislativas, europeias e, mais recentemente, autárquicas -, Rui Rio referiu que há agora "um desgaste muito maior do PS, os resultados da governação começam a surgir e por isso as condições em que o PSD vai a estas legislativas são muito mais favoráveis".

Disse, no entanto, que "podia ser mais fácil do que vai ser, porque se não andássemos aqui em lutas internas a probabilidade de êxito era muito maior". Ainda assim, afirmou, acredita que o partido tem hipóteses de ganhar as legislativas de 30 de janeiro.

Sobre a disponibilidade em viabilizar um governo socialista, Rui Rio disse que "sem maiorias absolutas, a governabilidade do país fica em risco relativo e para isso não acontecer tem de haver da parte dos partidos um esforço no sentido de garantir a governabilidade a quem ganhar as eleições".

Se ganhar as eleições, Rio mostra-se disponível para poder negociar com os outros partidos "para ter um governo com alguma estabilidade a bem do país". "Se eu gostava que fosse assim para mim então eu também tenho de ser coerente e dizer que estou disponível se não for eu o vencedor. Outra coisa é dizer o PS ganha e eu viabilizo o governo, não é assim, tem de haver negociações, não há almoços grátis".

Admite a possibilidade de um acordo para viabilizar um governo socialista, mas apenas por meia legislatura. "Se a negociação for feita à direita, CDS ou iniciativa Liberal terá um cariz, se tiver de ser feita à esquerda, com o PS, será diferente", declarou.

"A vontade dos portugueses é terem um país a ser governado. Se eu ganhar as legislativas, os outros partidos devem respeitar essa vitória e negociar comigo e não virem pedir o impossível", afirmou.

Questionado sobre se o Serviço Nacional de Saúde está preparado para responder à quinta vaga e se vai continuar a responder às doenças não covid, o atual líder do PSD espera que o executivo liderado tome as medidas adequadas para ultrapassar a atual situação.

"Quero acreditar que agora que estamos na quinta vaga o Ministério da saúde aprendeu com o que foi feito de errado até agora e que vai ser diferente. O Serviço Nacional de Saúde está à beira do caos, mas como digo espero que o Governo esteja a tomar medidas para ultrapassar essa situação", afirmou Rui Rio.

Na entrevista disse ainda que, caso seja reeleito líder social-democrata, vai levar à comissão política nacional a proposta de um acordo pré-eleitoral com o CDS-PP, afirmando que tem vindo a falar sobre o tema com o líder centrista, Francisco Rodrigues dos Santos.

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