O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apresentou esta segunda-feira os nomes do seu novo governo, que diz ser de "alto perfil político" com o objetivo de dar "estabilidade" a Espanha. São 12 mulheres e 10 homens (além do próprio Sánchez), com um núcleo duro que transita do anterior executivo e cinco ministros da aliança Sumar de Yolanda Díaz, onde não há qualquer sinal do Podemos. O Partido Popular (PP) denuncia um governo "feito à medida da amnistia" e "manchado pela forma como chegou ao poder, fazendo o contrário do que prometeu na campanha"..Sánchez disse, na sua curta intervenção desde a Moncloa, que o novo governo progressista é "continuista" nas questões económicas e vai dar prioridade às políticas sociais. Os novos ministros têm perfis "idóneos", explicou. Num governo que mantém 22 pastas como o anterior, apesar de se ter falado que podia ser mais pequeno, seis fazem parte do núcleo duro de Sánchez, acompanhando o primeiro-ministro desde a moção de censura que levou à saída de Mariano Rajoy do Palácio da Moncloa em 2018..Neste grupo estão as três vice-presidentes Nadia Calviño (Assuntos Económicos), Teresa Ribera (Transição Ecológica) e María Jesús Montero (Finanças Públicas), além da titular da Defesa, Margarita Robles, o do Interior, Fernando Grande-Marlaska, e o da Agricultura, Luis Planas. Calviño é uma de cinco candidatas a presidente do Banco Europeu de Investimento, podendo a eleição ser já em dezembro ou arrastar-se até à primavera. Se for eleita, obrigará a uma miniremodelação. No governo continua também o chefe da diplomacia, José Manuel Albares, no cargo desde 2021..Montero mantém as Finanças Públicas mas é promovida a quarta vice-presidente, depois de ter sido uma das principais negociadoras da investidura de Sánchez. Outra das promovidas é Pilar Alegría, responsável não só pela Educação e Formação Profissional, como já acontecia desde 2021, mas agora também pelo Desporto (que sai da competência da Cultura). Além disso, assume o papel de porta-voz do Governo - desde julho de 2022 que era porta-voz do PSOE..A grande promoção é contudo para o outro negociador da investidura e um dos homens de confiança de Sánchez: Félix Bolaños, que se tornará num "superministro". O até agora titular da pasta da Presidência e da Relação com as Cortes, que foi o artífice da Lei da Amnistia que abriu a porta ao apoio dos partidos independentistas catalães na investidura do líder socialista, ficará também com a Justiça..Sánchez "nomeia como ministro da Justiça alguém que mais que ministro da Justiça vai ser um ministro para a amnistia, para o seu desenvolvimento e a sua garantia", disse o porta-voz do PP, Borja Sémper. Bolaños será "a conexão direta entre o Palácio da Moncloa, a Justiça e as relações com as Cortes", afirmou. "É a destruição total do Estado de Direito", reagiu o secretário-geral do Vox, Ignacio Garriga, que o apelidou de "senhor das trevas"..Quem também não gostou do governo foi o Podemos, que dirigiu os ataque principalmente à líder do Sumar - a aliança de partidos à esquerda do PSOE dentro da qual foi a votos. A formação de Ione Belarra, ex-ministra dos Direitos Sociais, e de Irene Montero, que estava à frente da Igualdade, acusou Yolanda Díaz de ser a "colaboradora necessária" de Sánchez para "expulsar" o Podemos do executivo. O resultado, indicaram os porta-vozes Pablo Fernández e Isa Serra, é que os socialistas ficam "cómodos". O Podemos reiterou que irá agir de maneira independente no Congresso, onde tem cinco deputados.."A equipa ministerial do Sumar vai dar o melhor de si para transformar o nosso país e melhorar a vida das pessoas. O Sumar é a garantia que o acordo de governo se cumpra integralmente. É por ti", escreveu Yolanda Díaz no X (antigo Twitter). O parceiro mais pequeno do Governo manteve os cinco lugares que, no anterior executivo, eram da Unidas Podemos, incluindo a segunda vice-presidência e a pasta do Trabalho para a própria Díaz..Os Direitos Sociais, que eram de Belarra, ficaram nas mãos de Pablo Bustinduy, que deixou o Podemos em 2019. Já a Igualdade passou para a socialista Ana Redondo, desconhecida do movimento feminista - que lhe dá até ao dia da Mulher, 8 de março, para demonstrar estar à altura dos desafios. O objetivo será baixar o perfil da pasta que foi tão polémica com Montero - por causa da Lei do Só Sim é Sim..O Sumar ficou ainda com as pasta da Infância e Juventude, entregue a Sira Rego, da Esquerda Unida, e a da Cultura, que passa do socialista catalão Miquel Iceta para o eurodeputado catalão da Esquerra Verde, Ernest Urtasun. O quinto ministério é o da Saúde, que é assumido por Mónica García, a antiga anestesiologista do Más Madrid que era a principal voz da oposição à presidente do Governo regional da capital, Isabel Díaz Ayuso..Os ministros tomam posse já hoje, às 8.30 de Lisboa, no Palácio da Zarzuela diante do rei Felipe VI, seguindo-se a passagem da pasta para os nove rostos novos do executivo ou para aqueles que mudam de ministério. É o caso do novo ministro da Transformação Digital, José Luis Escrivá, que até aqui era responsável pela Inclusão e Segurança Social, ou da anterior titular da Política Territorial e Função Pública que passa para a Habitação e Agenda Urbana, Isabel Rodrígues..O primeiro Conselho de Ministros é já amanhã, com Sánchez a seguir depois para o estrangeiro. Na quinta-feira irá a Israel e à Cisjordânia, para reunir com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas. No domingo, já em Madrid, será o protagonista de um grande ato do PSOE para festejar o sucesso do governo e o fracasso da direita. Será às 12.00 locais na IFEMA..Presidente do Governo: Pedro Sánchez (PSOE) Primeira vice-presidente / Assuntos Económicos: Nadia Calviño (PSOE) Segunda vice-presidente / Trabalho e Economia Social: Yolanda Díaz (Sumar) Terceira vice-presidente/ Transição Ecológica e Desafio Demográfico: Teresa Ribera (PSOE) Quarta vice-presidente / Finanças Públicas e da Função Pública: María Jesús Montero (PSOE) Justiça, da Presidência e das Relações com as Cortes: Félix Bolaños (PSOE) Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação: José M. Albares (PSOE) Defesa: Margarida Robles (PSOE) Interior: Fernando Grande-Marlaska (PSOE) Transportes e Mobilidade Sustentável: Oscar Puente (PSOE) Habitação e Agenda Urbana: Isabel Rodríguez (PSOE) Porta-voz do Governo / Educação, Formação Profissional e Desporto: Pilar Alegría (PSOE) Indústria: Jordi Hereu (PSOE) Agricultura, Pescas e Alimentação: Luis Planas (PSOE) Política Territorial e Memória Democrática: Ángel Víctor Torres (PSOE) Cultura: Ernest Urtasun (Sumar/Esquerra Verde) Saúde: Mónica García (Sumar/Más Madrid) Direitos Sociais: Pablo Bustinduy (Sumar) Ciência, Inovação e Universidades: Diana Morant (PSOE) Igualdade: Ana Redondo (PSOE) Segurança Social: Elma Saiz (PSOE) Transformação Digital: José Luís Escrivá (PSOE) Infância e Juventude: Sira Rego (Sumar/Esquerda Unida).susana.f.salvador@dn.pt