Salvador Sobral. "Olá, nunca tive tanto público na minha vida"

Foi o primeiro espetáculo em Portugal depois do triunfo na Europa. O músico igual a si mesmo: discreto, afinado e bem disposto
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Embora com entrada discreta, Salvador Sobral chegou completo: voz afinada, uma mão cheia de temas do seu primeiro álbum e munido de boa disposição. O grande vencedor do Festival Eurovisão da Canção - que conquistou não só Kiev (Ucrânia), mas a Europa, no passado fim de semana -, deu o seu primeiro concerto este sábado à noite, no palco do Festival Confluências - Quintas do Barroco do Tâmega e Sousa, em Vila Boa de Quires, a poucos quilómetros do Marco de Canaveses.

O cantor, que tinha apenas espetáculo às 21.45, brindou uma centena de privilegiados que chegaram mais cedo ao recinto com um treino de voz e sound check, cerca das 20.00.

Num ambiente bucólico, onde os fardos de palha circundavam o palco, ladeado pela fachada de um palácio barroco do século XVIII, as duas amigas amantes de jazz, Inês e Isabel, de Fafe e Felgueiras, respetivamente, vieram especialmente para ver o Salvador. Isabel nunca ouvira falar do cantor até ao festival da canção, mas agora identifica-se muito com ele e com a sua música.

A conversa é abafada por uma música de fundo, da qual irrompeu a voz do músico e as duas amigas levantaram-se de súbito. "Nunca tinha visto este micro. A malta ganha a eurovisão e tem direito a micros todos fixes", exclamou Salvador Sobral, entre o treino de voz de sotaque espanhol. "Sérgio, bora lá fazer uma canção só para ver o que acontece", brincou o artista, dirigindo-se ao técnico de som. Vários telemóveis ergueram-se de imediato, para apanhar o melhor plano do músico.

Entre o ensaio e a hora do espetáculo, o recinto foi-se compondo. Há quem aproveitasse para fazer um piquenique. João Santana, estudante natural do Marco de Canaveses, confessou que "não fazia ideia que o festival ia acontecer, mas como o Salvador deu projeção ao evento", acabou por vir com o seu grupo de amigos. Esta é a primeira edição do Festival Confluências, que decorre em quintas do Barroco do Tâmega e Sousa, e tem como objetivo divulgar este património único. O autarca do Marco de Canaveses disse esta semana ao DN que o cenário do concerto de Salvador Sobral é "hollywoodesco".

Perto da hora mais esperada, chegou um autocarro de pessoas trazidas pela Câmara Municipal do Marco de Canaveses e o espaço foi-se compondo, aos poucos.

Eram 22.20 quando Salvador Sobral começou a cantar. Começou com dois temas do seu primeiro álbum, Change e Nada que esperar, seguidos de Presságio, com letra de Fernando Pessoa.

"Salvador! Salvador! Salvador!", ouvia-se em uníssono, ecoando por entre cartazes com o seu nome escrito e declarações de afetos. "Olá, jamais tive tanto público em toda a minha vida. Não sei qual será a razão, mas obrigada", brincou o cantor.

Em palco o pianista Júlio Resende, com quem toca e gravou (e coproduziu) o seu primeiro disco Excuse Me, lançado em 2016, André Rosinha (baixista) e Bruno Pedroso (baterista).

A música mais esperada por todos, Amar Pelos Dois" - tema que levou Portugal pela primeira vez ao pódio na final do Festival Eurovisão da Canção e que já conta com mais de três milhões de streams, escrita e composta por Luísa Sobral, a irmã de quem fala como sendo "a grande referência"-, ficou mais para o final da noite. Já não há quem não conheça a letra de cor.

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