Saiba tudo sobre o deputado com rastas

Publicado a
Atualizado a

Para breve a independência da Catalunha, não sei. Mas ela é provável e, a acontecer, faço ideia do terramoto histórico que significará. Não me detenho tanto no que se passará na rua, que talvez seja pouco, não é o que mais me importa. Vejo (por que me vejo) um homem maduro e galego a dizer: "A Casa Milà já não é minha." Ou um catalão: "Já não sou espanhol." Como desperdiçar tanto de ti, quando ser tanto não te impedia continuar o que de diverso és? Não é a primeira vez que me dou conta das vantagens de Portugal. Da última vez que me deu forte a consciência de uma superioridade dessas foi na década de 90, durante a guerra nos Balcãs. Ah, como era bom ser de um país com jeito para o compromisso... Agora, olhando para o lado, valorizo o sermos peça inteira, sem separatismos. E, com essas perplexidades, chego ao noticiário espanhol tão leviano. Mas não... Antes de passar a isso deixem-me recordar: acresce que Espanha não sabe como formar governo. Então, como essa situação de Bizâncio com as muralhas cercadas e um futuro tão incerto, o parlamento, sem soluções à vista, reuniu-se pela primeira vez desde as eleições de dezembro. Assunto: um deputado com rastas. Ainda há cinco anos o presidente do parlamento, José Bono, passou um raspanete a um ministro (do seu partido) que ousou não ter gravata. E, agora, já um deputado com rastas. Parece que, como as baratas nas vésperas do terramoto, somos muito volúveis antes do não sei o quê.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt