S. Teotónio em Odemira tem mais área e habitantes do que nove concelhos do Alentejo

A freguesia de S. Teotónio (Odemira), gerida com 600 mil euros, tem mais área e habitantes do que nove concelhos alentejanos e poderá ter mais do que outros dois, geridos por câmaras com orçamentos de milhões de euros.
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Com 305 quilómetros quadrados (km2) e 5.527 habitantes, a freguesia de S. Teotónio tem mais área e habitantes do que cinco concelhos do distrito de Portalegre (Castelo de Vide, Fronteira, Gavião, Marvão e Sousel), três do de Beja (Alvito, Barrancos e Cuba) e um do de Évora (Mourão).

A concretizar-se a proposta de reorganização administrativa do concelho de Odemira, a freguesia de S. Teotónio vai agregar a de Zambujeira do Mar e, desta forma, ganhar 40 km2 e 912 habitantes, ficando com 345 km2 e 6.439 habitantes.

Assim, a futura freguesia de S. Teotónio terá também mais área e habitantes do que os concelhos de Vidigueira (Beja), que tem 315 km2 e 5.932 habitantes, e de Arronches (Portalegre), que tem 314 km2 e 3.119 habitantes.

"O problema é que recebemos muito menos [verbas do Orçamento do Estado] do que qualquer um dos concelhos" com menos área e habitantes, disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de S. Teotónio, José Guerreiro (PS).

Segundo o autarca, o orçamento deste ano da Junta de Freguesia de S. Teotónio "ronda os 600 mil euros", enquanto o da Câmara de Barrancos, o concelho mais pequeno do Alentejo, que tem só uma freguesia, 168 km2 e 1.834 habitantes, é de cinco milhões de euros.

Os orçamentos deste ano das restantes câmaras dos concelhos com menos área e habitantes do que S. Teotónio variam entre os quase 5,8 milhões de euros (Alvito) e os 9,5 milhões de euros (Sousel), segundo informações recolhidas pela Lusa.

Trata-se de "um daqueles casos sem fundamento", disse à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Zambujeira do Mar, Hélder António (CDU), referindo que "algo está mal".

Segundo os autarcas, numa altura em que o Governo quer extinguir, agregar ou fundir freguesias por razões financeiras, "não faz sentido" haver câmaras, que têm "estruturas mais pesadas e mais custos" do que juntas, para gerir concelhos com menos área e habitantes do que uma freguesia.

Em S. Teotónio, "ninguém pensa" em elevar a freguesia a concelho, mas a junta devia "receber mais verbas" do Estado e "o facto de receber menos" do que câmaras com menos área e habitantes "devia ser pensado", disse José Guerreiro, defendendo uma "distribuição equilibrada das verbas" e a revisão da diferença entre concelho e freguesia.

O caso da freguesia de S. Teotónio "desmonta o argumento da poupança" para justificar a reforma administrativa do território, que "perde completamente o sentido", disse José Guerreiro.

Por outro lado, o caso "prova" que não é através de extinção, agregação ou fusão de freguesias que se vão "resolver os problemas financeiros do Estado", disse, referindo que, no âmbito da reforma, "deviam ver que há concelhos que têm menos área e habitantes do que freguesias e são geridos por câmaras que recebem muito mais verbas do Estado".

A concretizar-se a reforma administrativa no concelho de Odemira e se não haver agregações que aumentem demasiado a área de algumas freguesias, a futura freguesia de S. Teotónio "poderá voltar a ser a maior do país em área", como era quando incluía o território da atual freguesia de Zambujeira do Mar, que foi criada em 1989.

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