Walter O"Brien, especialista em computadores e tecnologia, diz ser uma das pessoas com o Quociente de Inteligência mais alto do mundo. Da sua cabeça partiu a ideia de fazer uma série de televisão que promovesse a sua empresa, a Scorpion. Como sabe quem segue a série, cuja quarta temporada estreia esta noite na Fox (23.05), conseguiu. Resolve problemas complexos e ajuda a salvar vidas rodeado de uma equipa de especialistas - um especialista em comportamento, um matemático, um engenheiro mecânico, uma gestora e um antigo agente do FBI, interpretado por Robert Patrick, com quem o DN conversou.."Deve ser um fardo ter aquele tipo de QI", dispara o ator, falando sobre Walter O"Brien, produtor de Scorpion. "É a minha opinião. Não sei se a diria à frente dele, mas é preciso lidar com tanta coisa..."..Cabe Gallo é uma das mais de 150 personagens que o ator Robert Patrick já interpretou desde que em 1984, com 26 anos, conduziu desde o estado de Ohio, onde vivia, até Los Angeles, para tentar a sorte na representação. "Vivi no meu carro durante três semanas quando cheguei a Hollywood. Queria ser ator, mas não conhecia ninguém", conta aos jornalistas que se sentam à volta da mesa numa manhã de junho na sede da CBS, à boleia da presença de dois filipinos com quem troca palavras de circunstância... em filipino..No início da carreira, fez vários papéis em filmes de baixo orçamento que eram rodados nas Filipinas. "Roger Corman foi a primeira pessoa a contratar-me e a pôr-me em frente a uma câmara", explica, acrescentando não ser caso isolado. "Foi com ele que começaram muitas pessoas boas da indústria do cinema. Francis Ford Coppola, Martin Scorcese, James Cameron...". Resume assim esses tempos: "Foi a minha escola de cinema, fazia os meus próprios duplos". Garante que nunca pensou desistir. "Sou americano. Nós não desistimos".."Depois destes filmes, arranjei um agente e o primeiro casting que fiz foi para Die Hard ". Seguiram-se outros papéis em que o ar de durão abriu caminho, como Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento, em 1991, cujo relançamento, em 3D, o ator estava a promover em meados do ano. "É divertido voltar a um filme que se fez há 27 anos e continua a ser relevante. Ainda se aguenta"..Que a sua cara está associada a papéis de durão - seja do lado bom ou do lado mau da força - sabe-o Robert Patrick melhor do que ninguém. "Terminator 2 era um papel muito físico e demorei muito tempo para que as pessoas me vissem a outra luz, foi uma luta. Sinto que estou a travar uma luta desde que vivi no meu carro, sem conhecer ninguém e sem saber como começar."."A nossa aparência, como andamos é a razão por que somos escolhidos. Sou escolhido para muitos papéis militares. A minha persona leva-me para aí", admite o ator, cuja única ligação ao exército vem do avô, tenente-coronel que lutou na I Guerra Mundial, jogou futebol na universidade, voltou a alistar-se na II Guerra e ainda esteve no Japão e na Coreia. Patrick nunca fez serviço militar. "Graduei-me em 1977, o Vietname estava a acontecer e não parecia um sítio para ir em parte pelo desrespeito mostrado aos militares pelos americanos. Eram cuspidos, chamavam-lhes assassinos de bebés, foi uma época horrível para se ser militar". Compensou. "Desde Flags of Our Fathers a Unidade Especial já passei muito tempo na tropa"..No início da década de 2000, Robert Patrick fez outro trabalho que considera "muito importante", Os Sopranos. "Apareceu-me num momento fulcral, em que me queria afirmar como ator. Queria usar músculos diferentes como ator, foi muito importante, abriu-me outras portas, para outros papéis". Refere, por exemplo, Walk the Line (2005)..Intermitentemente, tem também vestido a pele de produtor. Em setembro, estreou Last Rampage: The Escape of Gary Tison. Diz-se já preparado para sentar-se na cadeira de realizador ( "Gostava de encontrar uma coisa que unisse o meu país") e colaborar com o irmão, Richard Patrick, ex-guitarrista dos Nine Inch Nails.."Quero ter um efeito nas pessoas. Sei o quanto a televisão e o cinema me influenciaram. Num filme como Oficial e Cavalheiro, com Richard Gere, identifiquei-me tanto com a personagem do Richard Gere, enquanto tentava descobrir o que queria fazer da minha vida", explica. "O cinema, os filmes, podem ter um impacto nas pessoas que as ajuda a lidar com a vida. A vida é dura e quando as artes... uma grande música pode inspirar-nos e o cinema também pode dar-nos algum propósito e é o que tentamos todos encontrar.".Nascido no sul dos EUA, em Marietta, estado da Georgia, em 1958, assegura que mesmo nos tempos difíceis, nunca teve "um plano B" e não queria ter um plano B. É isso que diz aos jovens atores que agora lhe pedem conselhos. "Eu digo: já estás a começar mal. Porque é que vens ter comigo para te aconselhares? Não precisas de nada de mim. É preciso ir em frente. Se vamos para as coisas tendo outra em mente para o caso de não funcionar, já estamos mal". E acrescenta, assertivo: "Vai funcionar". Daqui, faz um paralelo com a série de Nick Santora que tem sido o seu quotidiano desde 2014 . "É uma das coisas boas de Scorpion. Somos práticos e vemos problemas e temos uma atitude de não desistir."."De vez em quando, sento-me na minha casa em Hollywood Hills e penso "como é que raio fiz isto"? e tenho de me beliscar. Para vocês não é nada de especial, mas eu era um puto que via os outros no grande ecrã e é uma sensação ótima, estou muito grato", remata..A quarta temporada da série Scorpion estreia esta noite na Fox, às 23.05. .Em Amesterdão. A jornalista viajou a convite do canal Fox