Algo está a mudar nas revistas de televisão e de sociedade. As primeiras apostam cada vez mais em histórias sobre a vida privada dos protoganistas da televisão, tornando-se concorrentes das segundas. Os números da Associação Portuguesa de Controlo de Tiragens (APCT) mostram que é nestes dois universos que se encontram as maiores subidas de vendas, se compararmos 2003 com 2004..Das revistas de society, a Lux (Media Capital) conseguiu a proeza de vender mais 96%, com um pulo dos 38 mil para os 75 mil exemplares. Também a VIP (Impala) teve um bom salto, com mais 11% de exemplares vendidos que em 2003, subida que se deve, segundo fonte da empresa, a uma maior agressividade. Em vez de mostrar a casa das pessoas, fala das dívidas que estas acumulam, refere..Felipa Garnel, directora da Lux, congratula-se pelos resultados, referindo que se devem a "uma mudança editorial e gráfica que resultou". O sucesso deste tipo de imprensa assenta nas "histórias, mais do que nos personagens". A ex-apresentadora de TV garante que "as promoções ajudam, mas não há milagres; não há produtos que façam subir uma revista editorialmente falhada". Mas serão as revistas de televisão assim tão diferentes das sociais? A directora da TV7Dias acha que não. "Tem-se notado, ao longo dos últimos dois anos, que as 'revistas de TV' não são só isso, mas muito mais. Agora também falam sobre quem aparece na televisão, actores de novelas, pivôs, frequentadores de festas, desportistas", explica, ao DN, Luísa Jeremias, dando razão a quem defende a teoria de que estas publicações estão a "canibalizar" as de sociedade..O 'TOP' DAS CAPAS "A nossa 'guerra' não é dar conta das festas, mas das histórias das figuras públicas nas festas. É isso que o leitor espera", defende a directora da TV7Dias, revista que tem vindo a crescer e no último relatório subiu 7% nas vendas. Luísa Jeremias conta que a capa mais vendida na história desta publicação, que já tem 18 anos, foi a de Alexandre Frota, no início da Quinta das Celebridades, e a segunda melhor tinha "o conde" Castelo Branco com o diário do concurso rural. .A directora da Lux é que não concorda com que haja transferência de leitoras das revistas cor-de-rosa para as de televisão, apesar de dar a mão à palmatória sobre o "fenómeno" da TV 7 Dias, que neste momento passou a ser a segunda publicação mais vendida a seguir à revista Maria (média de 261 mil exemplares semanais). "Há uma linha muito ténue, mas não me parece que haja uma relação directa entre a descida de umas e a subida de outras", afirma Felipa Garnel. Uma linha que o tempo ajudará a definir. Será a tendência futura uma mistura entre a televisão e a fofoca? A ver vamos.