Revendedores de gasolina exigem mais segurança

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O funcionário de um posto de abastecimento de combustíveis de Valença que foi baleado na madrugada de domingo, durante um assalto, está entre a vida e a morte no Hospital de São João, no Porto. O crime relançou a problemática da segurança nas bombas de gasolina e a associação patronal do sector pede ao Governo maior cobertura do programa "Abastecimento Seguro".

O alargamento mais célere da cobertura, a nível nacional, do sistema de georeferenciação aplicado aos postos de abastecimento de combustíveis será o assunto que a associação do sector pretende ver debatido na reunião que manterá na quinta-feira com o secretário de Estado da Administração Interna.

Depois de mais um assalto violento a uma bomba de gasolina em Valença, a Anarec, Associação Nacional dos Revendores de Combustíveis, que integra com o Governo e as autoridades de segurança o grupo de trabalho do programa "Abastecimento Seguro", lamenta o sucedido e reitera a necessidade de aplicar este sistema ao maior número possível de postos, "de forma a evitar mais perdas de vidas", conforme disse ao DN Virgílio Constantino, vice-presidente da associação que congrega os revendedores de combustíveis.

"Depois de um período de relativa acalmia, entre 2004 e 2006, os assaltos a bombas recrudesceram e agora com particular violência", sublinha aquele responsável. Virgílio Constantino esclarece que o fenómeno dos assaltos a bombas de gasolina, tem alguns contornos de sazonalidade. "Os crimes deste género acontecem em alturas do ano em que circula mais dinheiro, nomeadamente no Verão e no Natal. O que leva os assaltantes a concluir que há mais dinheiro nas caixas. Na verdade, não é assim. Todos os nossos associados seguem as recomendações de segu- rança emitidas pelas companhias no sentido de haver sempre pouco dinheiro nas gavetas. O máximo 150 euros. Rapidamente o dinheiro deve ser guardado em local seguro quando o montante é atingido".

Não é possível ainda saber quantos dos dez postos equipados (a partir do critério definido pelo grupo de trabalho) com sistema de georeferenciação já o accionaram. Todavia, o responsável da Anarec, mantém a defesa da sua aplicação. "Apesar de não conseguir o flagrante do assalto pois um assalto desta natureza dura em média três minutos, o sistema permite às forças de segurança barrar com tempo o perímetro geográfico da fuga", prossegue. Embora ainda não se sintam dificuldades na contratação de pessoal para estas funções, o responsável refere que "se a violência continuar poderão sentir-se sobretudo no horário nocturno".

"Nas mãos de Deus"

Na freguesia de Cerdal, em Valença, a apreensão tomou conta da família de Jorge Rocha. "Do hospital já nos disseram que o estado dele é muito complicado e que temos que esperar. Está nas mãos de Deus". Indalécio Sierpes, cunhado da vítima, garantiu ao DN que a família "não quer acreditar que possa acontecer o pior" ao jovem, o mais novo de seis irmãos. "Já nos avisaram que tudo pode acontecer. Mas queremos ter esperança em Deus", reconhece.

Jorge Rocha, solteiro, 25 anos, vive no lugar de Vilar, em Cerdal, com a mãe. Trabalha há três, a tempo inteiro, no posto de combustíveis da Repsol em Arão, a poucos quilómetros de casa. "A mãe e a irmã estão muito mal, psicologicamente", conta o familiar. | * com PAULO JULIÃO, Viana do Castelo

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