"A decisão que tomei foi a de propor que ela [alteração] só fosse realizada num próximo mandato. Por uma razão simples: é uma obra que vai implicar um estaleiro significativo devido às alterações nos semáforos", afirmou o autarca, que falava na reunião pública da Câmara, a decorrer hoje à tarde por videoconferência..A questão foi levantada pela vereadora Teresa Leal Coelho, eleita pelo PSD, responsável pela proposta aprovada pelo executivo municipal (liderado pelo PS) em outubro do ano passado, que visava a reposição dos sentidos do trânsito rodoviário nas laterais da Avenida da Liberdade..A proposta teve os votos favoráveis do PS, PSD, CDS-PP e BE e a abstenção do PCP, disse à Lusa fonte do município na ocasião..Fernando Medina (PS) defendeu hoje que, "num processo de pandemia e numa altura tão delicada para o comércio, estar a perturbar e causar um incómodo adicional com uma obra desta natureza seria mais prejudicial do que benéfico".."Trata-se de uma questão de prudência, de não abrir uma nova frente de tensão e de 'stress' numa altura em que as lojas, os restaurantes batem-se com a incerteza" causada pela pandemia de covid-19, argumentou.."Achamos que era prudente não criar um novo estaleiro. Seria prolongar por muitos meses, mesmo com a obra feita por secções. Causará sempre um incómodo adicional sobre pessoas e entidades que já sofreram muito", reforçou o presidente da Câmara de Lisboa..Em resposta, a vereadora Teresa Leal Coelho lamentou "profundamente" esta decisão e acusou Medina de ter feito uma "revogação unilateral" da medida..A autarquia procedeu, em 2012, a um conjunto de alterações na circulação rodoviária na rotunda do Marquês de Pombal e na Avenida da Liberdade, que de imediato tiveram impacto "em toda a mobilidade da cidade de Lisboa, devido à importância desta zona enquanto polo distribuidor dos fluxos de tráfego na cidade", defendia a autarca na proposta..Na Avenida da Liberdade foram redefinidas as vias de circulação do corredor central e o sistema de circulação nos corredores laterais também foi alterado, deixando de ser possível percorrer no mesmo sentido toda a avenida pelas laterais.."Advieram graves perturbações da introdução deste novo esquema de circulação, não apenas para moradores e comerciantes, mas também para os utilizadores de todo o eixo da Avenida da Liberdade", destacava Teresa Leal Coelho no documento, acrescentando que "o corte da continuidade de circulação entre as secções das faixas laterais veio prejudicar até a procura de lugar de estacionamento"..Além disso, apontava a proposta, esta medida, aprovada definitivamente em 2013, causou o desvio de tráfego para artérias da cidade "que não estavam, nem estão, preparadas para comportar os elevados fluxos sentidos, sobretudo em hora de ponta, designadamente as ruas paralelas à Avenida da Liberdade, bem como o eixo da Avenida Almirante Reis e o da Rua da Escola Politécnica"..Segundo o documento, em 2019, "as concentrações médias de dióxido de azoto na Avenida da Liberdade foram bastante elevadas, sendo que só conheceram uma redução drástica durante os estados de alerta e emergência e a primeira fase de desconfinamento".