O calor e o vento obrigaram ontem à presença de 140 bombeiros e 41 viaturas para controlar os pequenos reacendimentos que teimavam em recordar o incêndio de sexta-feira em Belas, Sintra. O dispositivo poderá manter-se hoje, mas as atenções viram-se para as causas do incêndio, o segundo a deflagrar junto ao buraco número quatro do golfe do Belas Clube de Campo, na serra da Carregueira. .Na sexta-feira, ainda a quente, o presidente da câmara estranhou a coincidência. "É intrigante que há ano tenha havido um fogo no mesmo local, mas a investigação ajudará a perceber se é só intrigante", disse Fernando Seara. O fogo, apurou o DN, "deflagrou a 500 metros do ponto de origem do incêndio de 2008, mas fora do empreendimento", explica Nuno Coroado, adjunto de comando em Algueirão-Mem Martins. .Ontem, o Bloco de Esquerda exigiu uma investigação célere e o reforço dos meios de limpeza e vigilância. O candidato bloquista à câmara partilha da estranheza de Seara, mas aponta o dedo à autarquia pelo "abandono" da floresta. "É muito estranho que se repita no mesmo local e que em pleno Agosto não haja vigilância", afirma André Beja. Já Ana Gomes, a candidata socialista, arrisca partilhar a opinião dos bombeiros. "Visitei sete corporações do concelho e todas me dizem, incluindo Belas, que a maior parte dos incêndios têm mão criminosa e estão ligados a interesses imobiliários", conta. O comandante local prefere não comentar. "Sei que a PJ esteve no terreno, cabe-lhes e ao Sepna [Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente] da GNR investigar. Enquanto bombeiro, cumpre-me coordenar os meios e não fazer comentários", diz Daniel Cardoso..Mas a Associação Olho Vivo também teme os "apetites imobiliários". A presidente, Flora Silva, afirma que "a serra vai sendo destruída pela construção e pelo fogo" e lamenta não ter sido possível manter o projecto de vigilância que desenvolve. "Tivemos jovens a vigiar a serra em Julho e na primeira quinzena de Agosto, mas não foi possível continuar por falta de financiamento. Insistimos que era uma zona sensível, mas só vamos poder retomar em Setembro", revela. No entanto, também há quem atribua a origem dos fogos aos caçadores. .Todo o interior, Norte e Centro, está hoje com risco máximo de incêndio, de acordo com as previsões do Instituto de Meteorologia. Os distritos de Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Portalegre estão hoje no nível mais alto de risco de incêndio florestal. O resto do País está em risco elevado.Ontem, a Guarda voltou a ser o distrito mais fustigado pelas chamas.