Quique ganhou ao seguir os ensinamentos de Jesus

Num jogo marcado pela eficácia atacante do Benfica, uma novidade, o treinador  espanhol apostou na equipa que o técnico do Braga sugeria de véspera. E o Benfica voltou aos triunfos com mais um golo de Cardozo e um encontro inspirado do guarda-redes Moreira.
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É legítimo, à luz de ensinamentos católicos, dizer que se Deus está em todo o lado, Jesus possa estar em dois. A ironia é irresistível: Jorge Jesus apostou que o Benfica jogava de uma forma, Quique Flores confirmou-o (Maxi a interior, Miguel Vítor a lateral). E o Benfica ganhou ontem o que poderá ganhar amanhã (troca de técnicos)? Logo se verá, e uma resposta a esta pergunta poderá ser, para já, um abuso. Mas que o Benfica voltou às vitórias, encerrando a questão do 3.º lugar, é incontornável e os números são claros: 3-0.

Dizer que o Benfica de Quique jogou melhor com a sugestão de Jesus é exagerado, assim como será dizer que o Braga foi pobre. O Braga foi erróneo na defesa (Eduardo fica ligado ao resultado), o Benfica mostrou uma inusitada eficácia - bem, Cardozo como finalizador nato não é propriamente uma surpresa, provavelmente já nem para o treinador espanhol (o paraguaio leva 16 golos na Liga). E por muito folclore que se alimente à volta deste jogo, motivado pela indelicada questão da eventual substituição de Quique por Jesus, este jogo fica marcado pela frieza do Benfica no ataque. E pelo despontar de um jovem chamado Urreta, que ontem deixou sinais bem promissores.

Jorge Jesus sai mal desta fotografia: deitou-se a adivinhar o 'onze' do adversário e acertou; mas agora, que a sua equipa (ainda?) não acertou, podia ter-se reservado a maior prudência. E a sua equipa falhou bastante atrás, como se disse. Ou seja, Jesus não se protegeu.

Dois desses erros dos bracarenses deram uma vantagem larga e precoce (2-0 aos 14 minutos) ao Benfica, que a equipa de Quique soube gerir. Marcou Cardozo depois da falha da defesa em linha e da hesitação de Eduardo, marcou Di María após um disparate do guarda-redes.

O Braga não reagiu com muita celeridade, mas aos poucos foi encontrando o seu caminho habitual: velocidade nas transições, muita mobilidade, mais possibilidades de ser feliz. Mas Moreira deu o seu contributo - e que "estabilidade", como defende Quique, é esta na baliza, afinal? - com pelo menos duas defesas muito boas.

Para piorar o cenário do Braga, Urreta sacou um coelho da cartola, com um golo que dificilmente esquecerá: passou em velocidade por Leone, desarmou Rodríguez com um toque subtil e finalizou com precisão. O jogo ficou praticamente arrumado. Mas Yebda e Quique ainda foram expulsos, também sinais de decisões disciplinares contestáveis de árbitro Soares Dias. E o Braga chegou ao golo de penálti - marcou Luis Aguiar.

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