Prisão de Pinheiro da Cruz vai para Canal Caveira

Publicado a
Atualizado a

O Governo inscreveu no Orçamento de Estado para 2008 a verba de 50 milhões de euros para a construção do novo estabelecimento prisional que vai substituir o de Pinheiro da Cruz, no concelho de Grândola, cujo desmantelamento foi decidido pelo Executivo em 2006. A nova prisão vai manter-se dentro da autarquia, nomeadamente na zona de Canal Caveira, entre a A2 e o IC1, soube o DN.

Outras duas autarquias, a de Elvas e a de Monchique, estavam na corrida para receber o substituto do estabelecimento que vai ser desmantelado, o qual acolhe, neste momento, 250 trabalhadores e cerca de 700 reclusos. Para o presidente da Câmara de Grândola, Carlos Beato, trata--se de uma da suas mais "suadas" vitórias políticas. "250 trabalhadores correspondem a 250 famílias, além de que entre a autarquia e o estabelecimento já existe uma relação de profícuo e profundo entendimento", disse o autarca ao DN, frisando que esteve pessoalmente envolvido nas negociações com os responsáveis do Ministério da Justiça.

Conforme explicou Carlos Beato, os 50 milhões de euros previstos no Orçamento de Estado para 2008 para a construção do novo presídio, serão perfeitamente recuperáveis com a alienação de Pinheiro da Cruz, cujos terrenos pertencem ao Estado.

De facto, inaugurado em 1951, o estabelecimento prisional ocupa cerca de 1500 hectares em pleno litoral alentejano, com três quilómetros de frente atlântica. Segundo o presidente da Câmara de Grândola, são muitos os interessados em adquirir aqueles terrenos, portugueses e estrangeiros. À autarquia cabe aprovar os projectos que para ali forem pensados, daí o peso que terá tido para vencer a corrida à construção do novo estabelecimento.

Nos próximos quatro anos, recorde-se, vão desaparecer 22 das actuais 56 cadeias existentes em todo o País e serão edificadas de raiz mais cinco.

A capacidade dos presídios irá aumentar de 12 mil para 14 500 lugares. Entre as estruturas que desaparecem contam-se os estabelecimentos prisionais de Lisboa (EPL) e de Coimbra, além do de Pinheiro da Cruz. É, sobretudo, com o dinheiro da venda destes três terrenos que o Estado irá financiar estas medidas.

Se a venda dos terrenos onde actualmente se localizam o EPL e o estabelecimento prisional de Coimbra for bastante rentável, mais aliciantes se tornam os cerca de 1500 hectares de terrenos junto ao mar onde actualmente estão instalados os serviços de Pinheiro da Cruz. Esta cadeia, no distrito de Setúbal, é a de maiores dimensões a servir não só o Alentejo mas também o Algarve, sendo certo que, em termos de distância e de tempo, não é muito favorável para aquelas áreas.

Os levantamentos efectuados apontam para que todas as pequenas cadeias regionais do Algarve encerrem, uma vez que não dão quaisquer garantias de segurança.|

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt