Todo-o-terreno. Incêndio ditou abandono precoce na Argentina.Piloto faz esforço para reunir patrocínios. Meta é voltar ao Dakar em 2010.Persistente e com objectivos bem definidos. Fascinada pelo todo-o-terreno, a piloto portuguesa Elisabete Jacinto pretende regressar ao Dakar no próximo ano, apesar do infortúnio sofrido em 2009, que motivou o abandono da prova, e do consequente prejuízo decorrente da desistência, na Argentina, após o camião que conduzia se ter incendiado..Ainda sem uma noção concreta dos danos, em termos de valores exactos, o prejuízo está já estimado, nesta altura, em sensivelmente cem mil euros. Nada que demova, no entanto, Elisabete Jacinto. A piloto portuguesa, em entrevista concedida ao DN sport, revelou que deseja continuar a competir ao mais alto nível, pois sente que tem, neste momento, todas as condições para o fazer.."O meu principal objectivo é voltar ao Rali Dakar em 2010, na classe dos camiões, e lutar por uma boa posição na classificação geral individual. Fiz um investimento grande na minha carreira e custa-me parar agora. Sinto que evoluí bastante, enquanto piloto, e que posso estar entre os melhores na classe dos camiões. O facto de me ter apercebido de que, na edição de 2009 do Dakar [o mais mítico dos eventos do todo-o-terreno mundial percorreu, este ano, a América do Sul, tendo a caravana passado pela Argentina e pelo Chile], tinha condução para andar nos 15 primeiros, entre todos os camiões da geral, deixou-me contente, uma vez que esse era o meu desafio", disse Elisabete Jacinto ao DN sport..Apostada e determinada em marcar presença, em 2010, no Dakar, Elisabete Jacinto não perde tempo e já se desdobra em contactos com os patrocinadores, por forma a reunir os meios necessários para competir, no próximo ano, na mais mítica das provas do todo-o-terreno mundial. "Regressar ao Dakar em 2010 não será um objectivo fácil de concretizar, mas estou a tentar falar com os patrocinadores para correr, ainda este ano, e na classe dos camiões, não só o Dakar como, também, outras provas do todo-o-terreno mundial", confessou a piloto.."Apanhámos valente susto".Desafiada a explicar os detalhes do incêndio do seu camião (Man) de série [há uma outra classe de camiões, os modificados, estes mais leves e mais potentes] que conduziu no Dakar deste ano, infortúnio que obrigou à desistência, a portuguesa, que teve Álvaro Velhinho como navegador e Marco Coxinho como mecânico, recordou o sucedido: "O percurso degradava-se facilmente com a passagem dos auto-móveis e dos camiões. Formavam-se nuvens de pó e os carros iam ficando atascados. Ia atrás de um camião de série [os que saem das fábricas], que não me facilitava a passagem, e, traída por uma nuvem de pó, embati num buggy. Pensei que estava tudo controlado, fui a correr para a parte traseira do camião, para avisar os outros pilotos, mas não estava ninguém atrás de mim. Num minuto, o camião começou a arder, o motor desligou-se e os tubos de ar rebentaram. Quando fiz marcha atrás, o camião estava agarrado ao buggy e os veículos arderam. Apanhámos todos um valente susto, ao quilómetro 40 da quinta etapa, que ligou Neuquén a San Rafael, na distância de 506 quilómetros. Foram dois anos de trabalho que se esfumaram", contou.