Prefeito do Rio de Janeiro descreve aquele estado brasileiro como uma confusão
Durante o evento, que decorreu na terça-feira, e que não estava na agenda oficial da prefeitura, Crivella teceu ainda críticas à Polícia Militar, acusando aquela força de corrupção.
"Quando o político rouba e fica rico, o comandante do batalhão também quer ficar rico. O coronel quer ficar rico. O tenente, o sargento, querem ficar ricos. Aí, eles sobem o morro (colina) para pegar o arrego [pagamento de suborno]", afirmou o prefeito, numa gravação de áudio divulgada pelo Globo.
Marcelo Crivella criticou ainda o transporte VLT, [sigla de Veículo Leve sobre Trilhos], referindo-se aquele meio de deslocação que serve a cidade do Rio de Janeiro como "porcaria".
"No contrato que foi feito (...) a prefeitura tem que garantir 260 mil passageiros por dia. Quantos tem hoje? 60 mil. (...) Eu tenho 1.500 escolas a precisar de reformas. Eu tenho hospitais a precisar. Como é que eu vou fazer isso? Isso é uma maluquice. Como é que eu vou garantir passageiros no VLT? Quanto custou aquela porcaria?", questionou o governante local.
Posteriormente, em comunicado, Crivella declarou que as suas afirmações foram completamente "descontextualizadas" e afirma ter sido claro ao dizer que "a corrupção que devastou o Rio de Janeiro não se restringiu à Polícia, mas alcançou vários setores e instituições".
"O mau exemplo dos políticos contaminava polícias, coronéis, tenentes, soldados, mas, graças a Deus, uma minoria. Como contaminava também o procurador-geral, conselheiros de contas, engenheiros de obras e até secretários de saúde e diretores de hospitais", diz a nota, citada pelo portal G1.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro já se manifestou sobre as polémicas declarações do prefeito, através de um comunicado de "repúdio" na sua página da internet.
"Lamentável e inacreditável que o prefeito de uma cidade com tantos problemas sérios a resolver seja capaz de dar declarações tão absurdas", lê-se
As autoridades declararam ainda que "Marcelo Crivella ofendeu de forma cruel uma legião de 45 mil policiais militares".
O texto frisa também que "homens e mulheres honrados enfrentam diariamente a criminalidade para defender a sociedade e muitos perderam a própria vida".
A Polícia Militar afirma que combate de forma intransigente os desvios de conduta dos agentes que optam por se aliar ao crime e diz que esses polícias são exceções e não regra.
Também o governador daquele estado brasileiro, Wilson Witzel, defendeu a atuação da polícia, depois das declarações de Crivella.
"Não admito qualquer tipo de declaração leviana que coloque em dúvida a integridade moral da atuação de nossos comandantes, oficiais e praças. Os resultados mostram que não temos relação com nenhuma organização de atividade criminosa. Tráfico de drogas, milícias, todos estão a ser combatidos com rigor", diz o governador, num vídeo partilhado hoje no Twitter.