PP leva multidão às ruas em Espanha e promete contestação até haver eleições

As manifestações em 52 cidades espanholas foram convocadas pelo PP para este domingo, poucos dias antes de o socialista Pedro Sánchez ser reconduzido primeiro-ministro, com o apoio de partidos nacionalistas e independentistas. Entre os acordos do PSOE com as formações catalãs há uma amnistia para os envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha.
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O Partido Popular de Espanha (PP, direita) estimou em dois milhões os participantes nas manifestações que convocou hoje para 52 cidades contra a amnistia de independentistas catalães e o Governo socialista, enquanto as autoridades falam em 450 mil.

A maior manifestação ocorreu em Madrid, onde esteve o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, e contou com um milhão de pessoas, segundo o partido, um número superior aos 80 mil avançado pela Delegação do Governo (uma entidade similar aos antigos governos civis em Portugal).

Como em Madrid, os números das delegações do governo e das forças de segurança são inferiores aos avançados pelo PP nas diversas manifestações.

As autoridades estimam que houve, por exemplo, 40 mil pessoas na manifestação de Sevilha (60 mil segundo o PP), 24 mil em Valência (50 mil segundo o PP), 20 mil em Alicante, 15 mil em Santander, 7.000 em Badajoz, 6.500 em Barcelona (20 mil segundo a associação que fez a convocatória) ou 5.000 nas ilhas Canárias.

As manifestações foram convocadas para as 52 capitais de província de Espanha pelo PP, mas houve também concentrações em cidades no estrangeiro, como Bruxelas ou Lisboa.

O PP prometeu hoje contestação à amnistia de independentistas catalães e ao Governo socialista até haver novas eleições.

"Não nos vamos calar. Não nos calaremos até haver novas eleições e podamos outra vez votar porque o que se está a fazer é o contrário daquilo que votámos. Porque têm medo das eleições?", disse o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, a 80 mil pessoas que se concentraram na Porta do Sol, em Madrid, e nas ruas das imediações, segundo dados oficiais das autoridades.

As manifestações em 52 cidades espanholas foram convocadas pelo PP para este domingo, poucos dias antes de o socialista Pedro Sánchez ser reconduzido primeiro-ministro de Espanha, no parlamento, com o apoio de partidos nacionalistas e independentistas da Catalunha, Galiza e País Basco.

Entre os acordos do PSOE com as formações catalãs há uma amnistia para os envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017 e que é o principal foco de contestação por parte da direita e tem levado às ruas milhares de pessoas diariamente em diversas cidades.

A possibilidade da amnistia tinha sido rejeitada até às eleições de julho por Pedro Sánchez, que agora a justificou com o resultado das legislativas, em nome "da convivência" entre todos os espanhóis e como a forma de evitar um Governo em Espanha da direita e da extrema-direita.

"Os espanhóis têm o direito de opinar com toda a informação", disse Alberto Núñez Feijóo, que lembrou ainda que o PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho, mas os socialistas vão manter-se no poder porque Sánchez "comprou a investidura" com "a impunidade" de pessoas que violaram a lei e querem desmantelar Espanha, num ataque e humilhação, por outro lado, do poder judicial e da separação de poderes.

"Defendemos um estado de Direito, a democracia, e por isso dizemos não à amnistia, não à impunidade", disse o líder do PP.

Para o PP, a ambição pessoal de Pedro Sánchez levou o líder socialista a fechar os acordos com os independentistas e a "sobredimensionar a representatividade" das forças separatistas, que com 6% dos votos vão poder "decidir por 100% de Espanha".

"Nunca se viu tal coisa numa democracia ocidental. O independentismo está com menos apoio popular do que nunca, mas encontrou um atalho, a falta de escrúpulos de Sánchez", defendeu Feijóo.

O líder do PP foi aplaudido pela multidão concentrada na manifestação de Madrid e recebido com gritos de "presidente", depois de ter sido apresentado pela presidente da região autonómica de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, como "o líder da oposição em Espanha".

Isabel Díaz Ayuso, um das dirigentes do PP com mais popularidade, considerou mesmo, entre aplausos e gritos de apoio dos manifestantes, que Sánchez tem um projeto de "totalitarismo" e "decidiu que nada nem ninguém lhe vai tirar o poder" e se vai manter à frente do Governo "com o preço que for preciso".

"Sánchez para a prisão", "Sánchez delinquente", "Espanha não se rende" ou "Espanha não se vende" foram das frases mais gritadas pelos manifestantes em Madrid, num protesto dominado pelas bandeiras de Espanha, como é habitual nas mobilizações convocadas pelos partidos de direita.

O partido de extrema-direita Vox, a terceira maior força no parlamento espanhol juntou-se ao protesto e, ao contrário do PP, tem manifestado apoio às concentrações diárias em várias cidades espanholas convocadas nas redes sociais para o início da noite em frente de sedes do PSOE.

No caso de Madrid, estas concentrações já terminaram por diversas vezes com distúrbios e cargas policiais, além de marcarem presença grupos de pessoas com bandeiras, saudações e cânticos fascistas e da ditadura espanhola de Francisco Franco.

Feijó pediu este domingo e insistiu por diversas vezes em que a resistência deve ser "firme e pacífica".

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