Cavaco Silva tem "uma atitude complacente com o Governo". É esta a avaliação do director do Povo Livre, José Luís Moreira da Silva, que, na última edição do jornal oficial do PSD, afirma não acreditar que o Presidente possa fazer mais para inviabilizar a Lei da Paridade. .Num editorial intitulado "E agora, Presidente?", Moreira da Silva descreve Cavaco Silva como "um Presidente atento, mas para já colaborante. Um Presidente que não merece desafios do PS". E afirma-se convicto de que "não será pelo episódio da Lei da Paridade que esta situação se toldará". Moreira da Silva conclui: "A pergunta 'e agora Presidente?' não terá resposta polémica!".No mesmo editorial de 5 de Julho, José Luís Moreira da Silva afirma que "Cavaco e Sócrates pedalam para o mesmo lado, na esperança de que o país possa sair da crise em que se encontra". Para o director do Povo Livre, "do que temos assistido desde a tomada de posse de Cavaco nada vemos que constitua um choque entre este e o Governo". .Mas, no mês passado, a 14 de Junho, Moreira da Silva foi mais longe, acusando Cavaco Silva de se "imiscuir em matérias governamentais e na luta sindical" a propósito da defesa da ministra da Educação levada a cabo pelo Presidente da República. "Será que o Governo precisava deste apoio? Será que é a posição que um PR deve assumir?", interroga o director do Povo Livre..Sobre as polémicas na educação, o director do Povo Livre considera que "mais uma vez ninguém se preocupou em falar com aqueles que têm que executar as novas medidas, nem se preocupou em verificar se o sistema tem meios para as pôr em prática". Sem deixar de lembrar que, no passado, "o PS foi um defensor acérrimo desses direitos que agora pretende contestar". .Mas o editorial onde é mais evidente a declaração da impotência do PSD para fazer oposição foi escrito em 17 de Maio, na véspera do Congresso do PSD..Nesse texto, intitulado "É difícil fazer oposição em Portugal", Moreira da Silva sustenta que, com o Campeonato Europeu de Futebol de Sub-21, o Mundial de Futebol e as férias de Verão, "Sócrates respira de alívio": "Bem feitas as contas, a partir de fins de Maio até meados de Setembro, durante mais de quatro meses, os portugueses vão andar entretidos." .Moreira da Silva reconhece que, durante esse período, os portugueses não terão, "infelizmente, ouvidos para as permanentes chamadas de atenção e para a voz da razão do PSD". .Dixit: "Durante esse tempo Sócrates respira de alívio, pois os portugueses não terão tempo, nem pachorra, para os incontornáveis erros de governação, nem infelizmente também ouvidos para as permanentes chamadas de atenção e para a voz da razão do PSD.".Só em Setembro o director do Povo Livre admite que, "com o regresso à vida real, os portugueses se confrontarão de novo com os aumentos de impostos, com o crescimento da dívida pública, com a ineficiência governativa". Porque até lá "um Governo que se tem tão bem esmerado na propaganda das obras que não fez, não tenciona fazer e tem horror a quem as queira fazer, estou certo, saberá aproveitar ao máximo estas férias políticas". .Para o director do Povo Livre, "este oásis à beira-mar plantado" só poderá eventualmente vir a ser perturbado "por eventuais incêndios, instituições internacionais ou o Banco de Portugal", ou ainda por "uma gafe monumental de um ministro que se esqueça de estar calado e nada fazer", ou eventualmente por "um início de ano escolar acidentado". Mais nada. Aliás, para o ex-deputado do PSD, mesmo com "a iniciativa económica a espernear" ou os economistas a "lembrar as promessas de aperto da despesa pública", "até Setembro tudo isso não existe, nunca existiu". E conclui: "É difícil ser oposição em Portugal!"