Portugal soma desaires em Glasgow, mas Japão não aproveita

A seleção nacional de sevens averbou três derrotas, em Glasgow, no 1.º dia da penúltima etapa do circuito mundial, diante de Fiji, Escócia e País de Gales. Amanhã os Lobos começam por defrontar o Quénia.
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Comprovando as dificuldades que Portugal costuma encontrar no Scostoun Stadium, palco que desde 2012 recebe a etapa escocesa do circuito mundial após vários anos no famoso Murrayfield de Edimburgo - e será a última vez que tal acontece, pois Glasgow deverá ser substituída por Paris já a partir da próxima época - os Lobos voltaram a somar apenas derrotas no dia inaugural deste torneio. Aliás, há três anos que a seleção nacional não sabe o que é vencer ali, tendo obtido apenas uma vitória (diante do Zimbabwe) e 17 derrotas nos jogos que realizou nesta cidade industrial da Escócia ao longo de quatro temporadas.

Pedro Netto apresentou seis alterações (ou seja, metade dos 12 convocados) relativamente à equipa que esteve na última etapa, em Tóquio, com a adição dos "franceses" Pedro Bettencourt (Clermont) e José Lima (Carcassonne) e a equipa respondeu positivamente na primeira partida. Mas as últimas imagens deixadas foram, mais uma vez, muito pobres...

Na estreia frente ao sete anfitrião - que contou com um apoio muito forte de um estádio quase lotado -, Portugal começou a perder com um ensaio do capitão adversário Scott Riddell. Mas logo se percebeu que os Lobos estavam com excelente atitude, frescos fisicamente e disponíveis para o exigente combate, e quando Adérito Esteves, numa arrancada bem ao seu estilo e ainda no meio-campo nacional, passou por tudo o que lhe apareceu pela frente - os que não se desviaram do seu caminho ele tratou do caso pessoalmente... - e empatava a partida (7-7) com o seu 92.º ensaio (!) no circuito, a tendência do jogo virou.

E logo a seguir a oval conquistada num alinhamento por João Lino seria manuseada com mestria até chegar a José Lima que, com fabulosa troca de pés, se libertou de um rival dando para David Mateus assinalar o seu 50.º torneio com um ensaio colectivo lindo de morrer - o seu 72.º nas "series". Contudo em cima do intervalo a Escócia voltou a marcar um ensaio (não convertido), para 14-12 favoráveis aos Lobos.

A 2.ª parte foi maioritariamente jogada no meio-campo escocês com o sete nacional muito concentrado a conseguir travar os ténues avanços adversários. Até que uma bela diagonal de Mark Robertson a perfurar a linha defensiva nacional virava o resultado para 19-14. Aí foi a vez de se assistir à bela reacção dos Lobos que só não resultou no que seria um justo triunfo, primeiro por uma má decisão de Gonçalo Foro e depois, no derradeiro lance da partida, quando novo bom movimento colectivo libertou Adérito que após fugir a um adversário viu o seu passe interior para Foro ser intercetado por Riddell, que saiu com a oval pela lateral... acabando com o jogo de forma inglória para as nossas cores.

Na partida seguinte frente às Fiji - única seleção com a qual só somamos derrotas no circuito -, os Lobos mais uma vez não tiveram hipóteses e, sem posse de bola, quando acordaram perdiam por... 14-0. Desconcentração defensiva fijiana (o lance terminou com 5 portugueses contra um na sua área de 22!) permitiu que, em contra-ataque, Nuno Sousa Guedes fizesse o seu 16.º ensaio da época (14-7) Mas nova falha incrível do experiente (mas sem competição de sevens nas pernas...) Gonçalo Foro, que passou a bola sem olhar a bola a um fijiano já para lá do toque da sirene, levou o jogo para intervalo com 21-7.

No 2.º tempo as Fiji mantiveram-se sempre por cima, com perfeito controlo de bola, sem grandes pressas e chegaram à meia dúzia de ensaios. Já a seleção nacional só sorriria com o ensaio, em força e com um notável "chega para lá", da chancela de Adérito Esteves (o seu 3.º contra os fijianos na temporada), para finais 40-12.

No último jogo do dia Portugal defrontou o País de Gales e voltou a sair derrotada, mas agora fazendo uma exibição demasiado pobre, pois os Lobos praticamente mandaram para dentro de campo apenas... as camisolas. Sem alma nem garra para lutar pela oval e com uma defesa de papel, ao intervalo os gales venciam por 28-0, fruto de 4 ensaios muito facilitados.

O período complementar não foi melhor, pese emboras as muitas substituições efectuadas, pois Gales marcaria por mais duas vezes para um total de seis ensaios apontados, com o sete nacional a conseguir o seu ensaiozinho de honra através de - quem mais haveria de ser? - Adérito Esteves, o seu 3.º do dia.

Como o Japão foi último classificado do grupo D (1 empate com a Argentina e 2 derrotas), isso significa que portugueses e nipónicos vão estar amanhã na discussão dos troféus de baixo (Bowl e Shield), pelo que a diferença entre as duas equipas que estão em luta pela permanência irá só sofrer uma pequena alteração - e até poderá ser favorável aos Lobos, com os japoneses a defrontarem no primeiro jogo de domingo a França. O que são boas notícias para Portugal, com 8 pontos de vantagem na tabela quando, para terminar o circuito, ficará a faltar apenas a etapa de Londres, no próximo fim-de-semana.

Portugal quedou-se assim no 4.º e último lugar do seu grupo C, pelo que amanhã, pelas 11.36 vai defrontar o Quénia nos quartos-de final da Bowl. Se ganhar, jogará a seguir com o vencedor do Argentina-Rússia nas "meias" da Bowl (14.52) e caso perca frente aos quenianos defrontará então o derrotado desse duelo na meia-final da Shield (14.08), o último troféu das etapas do circuito mundial.

Duelos dos "quartos" da Cup: Austrálias-Estados Unidos, Canadá-Inglaterra, Nova Zelândia-Escócia e um fantástico Fiji-África do Sul, confronto entre os dois primeiros classificados do circuito.

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