"É uma oportunidade de negócios", porque o Brasil importa, por ano, "12 milhões de doses de sémen de bovino", explicou hoje à agência Lusa o secretário técnico da Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Alentejana (ACBRA), Pedro Espadinha..O responsável realçou que esta primeira exportação pode "despertar" um "nicho de mercado", com benefícios para os produtores portugueses que "tiverem os melhores animais" e para a própria raça, cuja qualidade da carne é reconhecida.."Normalmente, as fêmeas utilizam-se em cruzamentos ou em linha pura e os machos para [produção de] carne com Denominação de Origem Protegida (DOP). Se conseguirmos vender genética, é mais um produto que esta raça pode dar aos criadores", referiu..A ACBRA enviou, no final de maio, 1.500 doses de sémen para o Brasil, as quais vão ser utilizadas por criadores da raça caracu, que tem descendência da alentejana, mas também para o cruzamento com animais da raça nelore.."Das 1.500 doses, 500 vão para um produtor, que, no Brasil, tem 32 mil fêmeas. Portanto, o potencial é enorme e nós temos de agarrar a oportunidade", indicou, considerando que esta venda é o "abrir de uma porta" e que "o negócio pode vir a seguir"..Os produtores brasileiros, explicou, pretendem utilizar o sémen para inseminação em bovinos caracu para "melhorar o morfotipo e dar algum incremento genético à raça" e em animais nelore para lhes "dar outro tipo de conformação, crescimento e aptidão cárnica"..Pedro Espadinha assinalou que os bovinos de raça alentejana têm características que permitem o seu desenvolvimento num clima subtropical, porque são "animais de extensivo que comem o que a terra dá"..O interesse dos produtores brasileiros nos bovinos de raça alentejana começou na década de 90 do século XX, mas só este ano um criador "fez o pedido de importação" de sémen para inseminação em animais da raça caracu, contou o mesmo responsável.."Estamos a abrir uma porta que nos tem custado" e que "levou anos demais", por "burocracia e má vontade" de algumas entidades, lamentou..O secretário técnico da associação avançou que também existem "contactos com Angola e Moçambique para enviar material genético" e que, em breve, será remetido "outro contentor para o Brasil já com mais doses".."A ACBRA tem em banco com 30 a 40 mil doses de sémen para utilizar ou para vender", o que é suficiente para "um arranque" das exportações, disse Pedro Espadinha, frisando que, se o negócio crescer, terão de se "fazer mais colheitas" de material genético..Com um efetivo de cerca de 11 mil animais explorados em linha pura, por quase 200 criadores, a ACBRA, com sede em Assumar, no concelho de Monforte (Portalegre), é uma das maiores associações do setor em Portugal.