O problema é que grande parte dos gastos foram com pessoal, não permitindo investir, por exemplo, em tecnologia. As conclusões são de um oficial da PSP e vão constar num livro da sua autoria..Entre 2007 e 2010, a despesa em segurança pública foi de 1,03% do PIB, ou seja, cerca de 1,7 mil milhões de euros, enquanto França gastou 0,83% do PIB e Espanha 0,63%. Mas se atentarmos às verbas destinadas ao funcionamento, conclui-se que 90% dos gastos nacionais são com pessoal e só 8% com aquisição de bens e serviços (é preciso recuar a 1996 e 1997 para os gastos nesta rubrica atingirem os 10%). .Os dados constam num estudo assinado pelo agora diretor nacional adjunto da PSP, subintendente Ferreira de Oliveira, e que foi analisado à lupa pelo PSD no estudo para a reforma do Sistema de Segurança Interna. De acordo com a Conta Geral do Estado, Portugal aproxima-se de França e Espanha no valor do investimento - se for tida em conta a pequena percentagem do orçamento previsto para o investimento, somado com o Programa de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) -, que entre 1990 e 2010 se situou na média dos 4,5% da despesa total..No entanto, grande parte deste investimento foi feito em instalações. "Se todas as forças e serviços de segurança, todos eles distribuídos territorialmente, continuam a dispor de mais de mil edifícios, é inevitável que mais de 70% do investimento seja empregue na construção e manutenção do parque imobiliário e não em tecnologia", conclui o estudo..Numa análise mais detalhada ao orçamento de cada força, nomeadamente da PSP, da GNR, do SEF e da PJ, conclui-se que todas gastam a maior fatia do orçamento disponível com pessoal. Mas, quanto a investimento, há diferenças na aplicação do dinheiro público. Entre 2000 e 2010, 27% do orçamento do SEF foi canalizado para a aquisição de bens e serviços, muito mais do que na França ou na Espanha. Nesses dez anos, a PJ gastou 12% do seu orçamento em meios, enquanto a PSP e a GNR gastaram 6,42% e 7,09%, respetivamente. .Isto porque, segundo o autor, "não têm sido disponibilizados à PSP e à GNR os recursos financeiros necessários à sua modernização", cujo atual aumento da despesa está diretamente relacionado com a política de recrutamentos anuais. Apesar do necessário rejuvenescimento, entre 1985 e 2010 evoluiu-se de 33 mil polícias para os atuais cerca de 49 500. Mais pessoas significa mais dinheiro. .Assim, conclui, "os problemas recorrentemente diagnosticados", como os baixos salários, a falta de condições ou de meios tecnológicos, "não têm que ver com o facto de o Estado não alocar" meios suficientes nem com o nível de investimento, "mas com a forma como Portugal está organizado em termos de segurança pública". Uma organização que, segundo o autor de vários estudos na área da segurança interna, devia ser repensada, sobretudo ao nível dos serviços duplicados.