Polícias anunciam greve de três dias e manifestações durante a JMJ Lisboa
A Confederação das Forças de Segurança anunciou esta segunda-feira, em conferência de imprensa, a organização de ações de protestos para a semana em que se realiza a Jornada Mundial da Juventude 2023, em Lisboa.
Aquela organização, que inclui elementos da GNR, PSP, Polícia Marítima, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e Guarda Prisional, revelou que as ações têm início com uma greve de três dias na semana anterior ao evento, mais concretamente a 24, 25 e 26 de julho.
Foi ainda anunciada uma manifestação junto ao Palácio de Belém, no dia 2 de agosto, quando o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa receber o Papa Francisco, estando ainda programadas ações em aeroportos, portos e fronteiras.
O anúncio foi feito pelo secretário da comissão coordenadora permanente das forças de serviço e de segurança, César Nogueira, em conferência de imprensa no Porto.
O dirigente da estrutura revelou que irão estar presentes quando Marcelo Rebelo de Sousa receber o Papa Francisco, a 2 de agosto, "posicionando-se junto à residência oficial do Presidente da República, com uma concentração dos profissionais das forças e serviços de segurança".
"Certamente até sua santidade ficará a saber como são tratadas as forças de segurança em Portugal, e esperamos que o transmita ao Presidente da República", afirmou César Nogueira.
O chefe da Igreja Católica estará em Portugal de 2 a 6 de agosto durante a Jornada Mundial da Juventude que juntará milhares de jovens em Lisboa.
"Iremos fazer ações a nível nacional, até porque queremos que os cidadãos que vêm ao nosso país saibam como são tratadas as forças e serviços de segurança. Iremos entregar panfletos com essas informações. Iremos estar nos aeroportos do Porto, Lisboa e Faro, no porto marítimo de Lisboa, na Gare do Oriente e em algumas fronteiras, não sabemos ainda em quais porque depende do que o Governo delinear para esses locais. Isso será feito nos dias 24, 25 e 26 de julho", disse.
Para além das ações públicas, o secretário da estrutura anunciou ainda "algumas surpresas" para o período entre 1 e 6 de agosto, em que decorrerá a JMJ, argumentando com a necessidade de serem "criativos" pois nem "todos têm direito à greve" num esforço para demonstrar "o que o Governo considera das forças de segurança, ou seja, o desrespeito e a desconsideração que tem levado a [que haja] cada vez mais desmotivação das forças e serviços de segurança".
No centro das queixas das estruturas está a "atualização dos vencimentos através dos estatutos remuneratórios das diversas instituições, algumas delas sem atualização desde a sua criação, ou seja, desde 2009, tirando os pequenos acertos por causa da inflação", esclareceu o porta-voz.
A isto junta-se as reivindicações em torno dos apoios à saúde, lembrando César Nogueira que "durante o ano descontam 13,5% durante 14 meses", situação que querem ver revista pois "existe um grande 'superavit' em todos os subsistemas [de saúde] e existem condições para baixar essa percentagem", lamentando que o Governo não o tenha, entretanto, alterado.
"O nosso país é considerado seguro não devido aos governantes, mas graças ao uso e abuso dos seus profissionais (...) cujos salários não são atualizados há 10 anos. Ninguém consegue viver com os vencimentos de há 10 anos. A inflação está como está, aumentou tudo, inclusive o preço das habitações e as pessoas têm despesas e têm de ficar sem esse problema para poder fazer o serviço com o pensamento focado no serviço", assinalou.
César Nogueira alertou, entretanto, que o delineado "não se esgota com a JMJ, fazendo depender da "resposta ou não resposta do Governo" futuras ações, (...) quando for a discussão do Orçamento do Estado" em que pensam fazer "uma grande ação de rua" porque querem "ver contemplada a questão dos vencimentos".
Voltando à JMJ, prometem estar em "todos os locais possíveis" em protesto e que entre os "50 mil profissionais, entre a PSP e a GNR, alguns poderão ajustar os seus horários e participar nas ações", disse o secretário da comissão coordenadora permanente.
"A nossa intenção é envolver o cidadão, até porque confia nas polícias (...) não queremos colocar em risco a JMJ", garantiu César Nogueira.
As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
O primeiro encontro aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado, nos moldes atuais, por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.
O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJ Lisboa 2023, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano.