Perceber como foi a ascensão e queda do III Reich

Mais de mil peças obrigam os visitantes do museu berlinense a reflectir como foi possível um povo culto ser cúmplice de tal barbárie.<br />
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Uma edição em português de Mein Kampf, o livro mais mal-afamado do século passado, é uma curiosidade entre as mais de mil peças da mostra "Hitler e os Alemães - Nação e Crime", patente no Museu de História da Alemanha, em Berlim.

Como foi possível que no País da Filosofia e da Música se tenha gerado tal barbárie - e com uma cumplicidade que se estendeu das classes mais baixas às elites? Talvez se encontre alguma resposta nas secções em que se divide a exposição: o mito do Führer , Hitler e o Partido Nacional-Socialista, transição do poder e revolução nacional, a sociedade alemã e Hitler, o Estado do Führer , o poder do Führer e a guerra de extermínio, a sociedade alemã na guerra, Hitler sem fim.

Os curadores esclarecem que a exposição não motivará romagens neonazis, porque, ao lado de imagens com a suástica e o rosto do ditador (reproduzida até em objectos do quotidiano, como maços de cigarros, tapetes bordados à mão ou jogos de cartas), há passagens de O Grande Ditador, o filme em que Chaplin ridiculariza Hitler, e desenhos feitos por crianças no campo de concentração de Theresienstadt.

Mas o que interessa saber é como foi possível A Ascensão e Queda do Terceiro Reich, como o título da famosa obra de William Shirer. Afinal, questiona o historiador Hans-Ulrich Thamer, que organizou a exposição, "como é que o insignificante Adolfo Hitler, esse homem que viveu 30 anos no anonimato, não tinha estudos nem qualquer experiência política, pôde ser o salvador" por que esperava uma Alemanha humilhada pelo Tratado de Versalhes?

E, ao sair do museu, deve-se ter a inquietação do filósofo Theodor W. Adorno: "Não é possível fazer poesia depois de Auschwitz."

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