Pedrogão Grande: Incêndios em Portugal aproximaram portuguesa à comunidade para organizar vigília

Um gesto espontâneo de uma emigrante portuguesa em Londres levou cerca de duas dezenas de pessoas a uma vigília em Londres em homenagem às vítimas do incêndio em Pedrógão Grande.
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Lídia Harding está radicada há várias décadas no Reino Unido e tem pouco contacto com a comunidade portuguesa, mas não escapou à angústia causada pelos incêndios em Portugal, que causaram 64 mortos.

"Foi a ler as notícias e também a ver uma fotografia dos bombeiros que, depois de três dias de batalhar com o incêndio, estavam a dar água a um cão. Essa fotografia emocionou-me muito", contou à agência Lusa.

Contactou algumas pessoas que descobriu através da Internet e redes sociais e organizou uma vigília numa igreja dos Irmãos Scalabrianos, usada regularmente pela comunidade portuguesa.

O evento foi organizado com pouca antecedência, mas mesmo assim mobilizou várias pessoas, entre as quais Rosa Fernandes, que confessou ter ficado emocionada com o sucedido.

"Vivi oito anos em Portugal e nunca tinha visto nada igual. Fiquei muito triste a ver as pessoas chorar e isso toca. vim aqui prestar homenagem àqueles que morreram e dar força para a família. Qualquer coisa, estamos aqui para ajudar", justificou.

Natural de Cabo Verde, apresentou-se acompanhada pelo filho, que se ia entretendo a brincar com velas colocadas à entrada da igreja, onde estava também um livro de condolências.

"Como dizem, de pequenino se torce o pepino. Para ele aprender que devemos estar preocupados com os outros", explicou.

Outra participante, Maria do Carmo Colimão, contou que só chegou há uma semana à capital britânica, pelo que ainda acompanhou os incêndios quando estava em Portugal.

No entanto, não quis deixar de "manifestar solidariedade com o que aconteceu. Foi algo inédito", admitiu.

O incêndio que deflagrou em 17 de junho, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foi dado como extinto uma semana depois.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.

A área destruída por estes incêndios na região Centro corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março.

Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.

O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Na vigília foram também recordadas as vítimas que morreram no incêndio na Torre Grenfell em Londres, que a polícia estima em pelo menos 80.

No edifício residiam 10 portugueses, todos sobreviventes.

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