Os grandes olhos verdes hipnotizam, o porte atlético dignifica qualquer fato de mais fino design italiano e, mesmo não sendo um jogador criativo, quando calça umas chuteiras deslumbra. Ele é Paolo Maldini, considerado o melhor lateral-esquerdo do mundo, que só conhece uma camisola, a rossoneri (vermelha e negra listada) do AC Milan e não pára de bater recordes. .Na próxima quarta-feira, nem o joelho esquerdo, que teimosamente denuncia os 38 anos de El Cuero de Drago ("Coração de Dragão"), como também é conhecido, o vai impedir de marcar presença em Atenas, na oitava final da Liga dos Campeões. Um registo só conseguido pelo mítico Gento do Real Madrid, que em oito venceu seis. Até ao momento, Maldini ganhou quatro em sete. .Para jogar na quarta-feira, em Atenas, frente ao Liverpool, o defesa cumpre um plano específico de recuperação e adiou, mesmo, "a necessária operação" ao joelho esquerdo para o Verão, para cumprir o desejo de vingar a final perdida em 2005, precisamente com os adversários da próxima semana. Um encontro que deixou marcas em Maldini. Apesar da derrota, o italiano entrou para a história da prova ao marcar o golo mais rápido numa final da Liga dos Campeões - aos 51 segundos..O defesa vai renovar com a equipa rossoneri por mais uma temporada, adiando assim o adeus ao futebol por mais uma época. A retida vai acontecer, apenas, uns dias antes de completar 40 anos. "Continuo a jogar porque adoro esta atmosfera", explica aquele que é também conhecido como o defesa dos rins elásticos pela destreza com que desarma os avançados..Para Galliani, o actual director desportivo do clube, não há palavras para descrever o homem e o jogador por detrás do nome Paolo Maldini: "Ele não é o símbolo do Milan, ele é o Milan!" .Sempre rossoneri .Nasceu, cresceu e vai acabar a carreira no AC Milan. Maldini - o nome significa di Milan (de Milão) - chegou ao clube em 1978 e foi lançado no Calcio por Nils Liedholm, a 20 de Janeiro de 1985, frente à Udinese. Hoje, passados 22 épocas, é o jogador com mais presenças em jogos da Série A italiana, tendo coleccionando mais de 600 encontros na Liga, um recorde que pertencia a Dino Zoff (570). .Para o lendário guarda-redes, " é uma honra enorme ser ultrapassado por um verdadeiro campeão. Só tenho uma coisa a lamentar: ele ganhou tudo ao serviço do Milan, mas não venceu nada com a selecção nacional ". Esse é o grande desgosto do lateral esquerdo, que abandonou a selecção de Itália, depois de perder a final do Mundial de 2002 frente à França. Ainda hoje é o futebolis- ta com mais presenças com a cami-sa da Itália, tendo disputado 127 partidas, das quais 74 como capitão. .O Milan já foi coroado por seis vezes como campeão europeu e só numa delas o nome Maldini não se encontrava entre os vencedores. O pai Cesare, participou na conquista da Taça dos Campeões Europeus de 1963, enquanto o filho conquistou já quatro (1989, 1990, 1994 e 2003). .O nome tem tradição, assim como o número 3 que ostenta na camisola. Foi o pai, então seleccionador nacional, que lho deu, quando o chamou à selecção de sub-21. E quando finalmente pendurar as chuteiras, a camisola n.º 3 do AC Milan será retirada e apenas voltará a ser vestida se um dos seus dois filhos jogar pelo clube.. O clã Maldini promete continuar. O filho mais velho de Paolo, Christian, de 13 anos, já faz parte dos quadros dos rossoneri. Mas Maldini não faz apenas sucesso nos relvados. No universo feminino são muitas as mulheres que o elegem como homem ideal. Segundo uma sondagem da Sky Sports, é mesmo o 28.º mais bo-nito do mundo. Casado com Adriana Fossa, uma ex-modelo venezuelana, é um apaixonado pelo mundo da moda e não dispensa o fato Armani. Que o diga Kaká. Quando o brasileiro chegou a Milão, vestia calças de ganga, T-shirt e um chinelos de de-do. Um estilo desportivo do agrado de Kaká -"até eram de marca"- , mas inaceitável para quem representa o clube da capital mundial da moda. Um certo dia, depois do treino, Maldini deixou-o ir tomar banho e "roubou-lhe" a roupa. No lugar das havaianas apareceu um belo fato Armani..Quando completou 20 de carreira, Maldini, resumiu-os a uma declaração: "Se, quando era miúdo, me pedissem para escrever a história mais bela do mundo para mim, escrevia-a tal e qual me aconteceu."|