Imran Miguel Alves Cunha,ou João Cunha. Este treinador de futsal é um apaixonado pela modalidade, converteu-se ao islamismo e mudou o seu primeiro nome. Treina em Portugal, já esteve na Líbia (como coordenador técnico da selecção) e agora é seleccionador da Angola. Experiências que classifica como únicas, assim como a de ser pai - há dois meses e meio -, algo que lhe acabou com a "irreverência" como admitiu ao DN. Numa época apenas esteve no Odivelas (como adjunto), orientava os juniores do Atlético Clube de Odivelas, ainda treinou a selecção de sub-19 de Lisboa, aceitou o cargo em Angola. Mas tem o seu emprego como técnico de electrónica e uma família para se dedicar.."Era um horário confuso", confessou, acrescentando que a sua mulher - também ela muçulmana - Naheed Latif, "foi sacrificada durante a gravidez" pelo excesso de funções que Imran acumulava. "Não será mais", garantiu. Para a próxima época terá "apenas" os Ismaelitas para orientar e a selecção angolana, pois sentiu a necessidade de abrandar. Porém, o futsal é uma paixão grande de mais para minimizar e é por isso que vê com entusiasmo o envolvimento com a equipa africana. "O meu compromisso é a pensar na participação no CAN 2010", explicou, realçando que "seria muito bom terminar nos três primeiros lugares"..O futsal angolano tenta dar os primeiros passos. Em Abril de 2008 aceitou de pronto o convite, mas para explicar o atraso no desenvolvimento desta modalidade exemplificou com o facto de até há poucos anos "a federação era de futebol salão, têm ringues - faltam pavilhões - e o nível do campeonato interno não é o melhor". Porém, salienta: "o jogador angolano aprende rápido, é humilde e com um grande potencial. Se calhar até com mais do que os atletas europeus. Porém, falta-lhes experiência de jogo real, ainda é muito bairrista. Mas se o investimento continuar, vão chegar longe.".Apesar de ser o seleccionador principal, muito do trabalho de casa é feito pelo colega angolano: "Claro que prejudica eu não estar em Angola, mas é compreensível. São feitos grandes esforços e a minha presença lá seria muito cara. Talvez no futuro seja diferente.".A aposta num treinador português é vista por este técnico como uma forma de "beber um pouco da experiência" que tem. E uma forma de aproveitar a experiência é ensiná-la aos angolanos. "Em Agosto voltarei para participar no curso de 1.º nível, juntamente com o seleccionador nacional e um árbitro internacional português", afirmou..Aos 33 anos leva já vários como treinador, pois aos 18 assumiu que era um "mau jogador" e no Odivelas ficou com o cargo de treinador/jogador dos juniores. "Mas nunca joguei", relembrou..Continuando num momento de recordações falou das duas semanas que passou na Líbia. Esteve em Tripoli e conheceu Khadafi. "Andámos oito horas no deserto até à tenda dele. Apertou a mão a todos, tirou fotografias e fez um discurso ao seu estilo, no qual criticou a FIFA", recordou..E como reagem em Portugal os jogadores por terem um treinador muçulmano? "Gostam de brincar, mas sempre com um espírito positivo. Durante o Ramadão oferecem-me água porque sabem que não posso beber e eu claro que recuso."