Os sultões apaixonados pela música ocidental

Concerto no dia 10, no Teatro São Carlos, dá a conhecer como a música ocidental foi cultivada no último século do Império Otomano.
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Um capítulo ainda quase desconhecido da música culta ocidental é o que versa a sua penetração e consequente prática na capital do Império Otomano, Constantinopla, a partir do segundo quartel do século XIX. Na quarta-feira, no São Carlos, um concerto dará a ouvir obras escritas para os sultões e música composta por sultões, ou por príncipes seus filhos. A iniciativa é da embaixada da Turquia e permite trazer a Lisboa o maestro, compositor e musicólogo turco radicado em Londres Emre Araci, que tem dedicado grande parte da vida a tornar mais conhecido este pedaço da história cultural do seu país e com quem falámos.

"A música ocidental entrou oficialmente no Império e na corte por vontade do sultão Maomé II (reinou 1807-39). Já haveria uma prática informal, sobretudo entre as importantes comunidades estrangeiras de Constantinopla e, pontualmente, até mesmo ópera, mas os registos de uma atividade regular coincidem todos com o seu reinado", diz. Maomé II foi um reformador e liderou uma espécie de revolução cultural que culminou na dissolução do corpo de Janízaros do exército otomano, em 1826, famoso desde há séculos também pela sua música (inspiradora de tantas turqueries na música europeia). Apenas dois anos depois, o sultão chama para Constantinopla Giuseppe Donizetti (irmão de Gaetano), para ocupar o cargo de Instrutor Geral das Músicas Imperiais Otomanas, cargo que ocupará até à sua morte, em 1856, já sob Abdulmecid II (reinou 1839-61). Giuseppe desenvolvia funções semelhantes no exército piemontês.

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