A abertura de uma loja jurídica num centro comercial, com advogados disponíveis para atender clientes das 10 da manhã às 11 da noite , a 35 euros a consulta, são modernices que "vulgarizam a advocacia". Esta é a posição assumida ontem pelo conselho geral da Ordem dos Advogados (OA), decidindo, assim, chumbar a loja jurídica aberta a 10 de Abril num centro comercial, em Lisboa. A advogada que lançou o projecto, Sofia de Almeida Ribeiro, vai ficar sujeita a um inquérito disciplinar, alegadamente por ter aberto o espaço sem um prévio pedido de parecer à entidade reguladora da profissão..A decisão do conselho geral da OA, aprovada ontem, não se centrou, no entanto, naquela loja, já que os promotores avançaram sem informar a entidade. O parecer visou um outro projecto, denominado "Loja da Advocacia". A ideia é exactamente igual ao da loja jurídica, com a diferença de que o seu autor, Luís Miguel Henrique - que por um infeliz lapso, a 15 de Abril, chamámos de Luís Miguel Rodrigues - solicitou há já dois anos que a Ordem se pronunciasse sobre a legalidade ou ilegalidade desse projecto. Enquanto aguardava uma resposta, Luís Miguel Henrique, da sociedade de advogados MHG & associados, viu surgir a loja jurídica..Também a OA foi apanhada de surpresa que logo foi buscar à gaveta o projecto da loja da advocacia, divulgando ontem o parecer. A conclusão é de que "o exercício da advocacia rege-se pelo princípio da dignidade da profissão, o qual rejeita estratégias e actuações de cariz desmedida ou exclusivamente comercial, ou que possam criar uma aparência de mercantilização da profissão". Neste sentido, o projecto de Luís Miguel Henriques foi chumbado e, por analogia, também o de Sofia de Almeida Ribeiro, ficando esta sujeita a um processo disciplinar..Corrida à Ordem. Tudo isto acontece quando os advogados começam a definir estratégias na corrida ao cargo de bastonário da OA. Rogério Alves, o actual titular, ainda mantém as expectativas sobre uma eventual recandidatura. .No entanto, outros já anunciaram publicamente a entrada na corrida. O primeiro a apresentar-se foi João Pereira da Rosa, de 51 anos, conhecido apoiante de José Miguel Júdice e antigo presidente do Conselho de Deontologia da Ordem..Segui-se-lhe Luís Menezes Leitão, de 44 anos, actual vice-presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados..Outros nomes são dados como certos na corrida. É o caso de António Marinho, o conhecido e controverso causídico de Coimbra, de 56 anos. Foi um dos participantes nas ultimas eleições, tendo surpreendido ao ficar em segundo lugar, muito próximo do vencedor Rogério Alves. Os seus apoiantes foram sobretudo os advogados mais jovens, descontentes com a situação laboral precária em que se encontram..Garcia Pereira, o conhecido candidato à presidência da República, é o quarto candidato de quem se fala. Mas, tal com António Marinho, ainda não formalizou a participação. |