Oito nomeações para os 'cowboys' de Ang Lee

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Tal como se esperava, O Segredo de Brokeback Mountain, o filme de Ang Lee sobre a paixão homossexual entre dois lacónicos cowboys nos anos 60, obteve o maior número de nomeações para os Óscares de Hollywood oito, incluindo Melhor Filme, Realizador, Actor (Heath Ledger), Actor Secundário (Jake Gyllenhaal), Actriz Secundária (Michelle Williams) e Argumento Adaptado (Larry McMurtry/Diana Ossana). A fita estreia-se em Portugal dia 9 de Fevereiro.

Seguiram-se-lhe, e com alguma surpresa, Colisão, o filme-mosaico de estreia do argumentista Paul Haggis sobre tensões sociais e raciais em los Angeles, com seis nomeações; Good Night, and Good Luck, de e com George Clooney, sobre o confronto, nos anos 50, entre o jornalista Ed Murrow e o senador McCarthy, também com seis; Memórias de uma Gueixa, de Rob Marshall (já em exibição em Portugal), igualmente com seis, mas quase todas em categorias técnicas ou secundárias, exceptuando a de Melhor Fotografia.

Com cinco indicações cada, temos Capote, do também estreante Bennett Miller, sobre Truman Capote, Walk the Line, de James Mangold, sobre Johnny Cash, e Munique, de Steven Spielberg, que evoca a vingança da Mossad sobre os terroristas do Setembro Negro que mataram 11 atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972.

Vários factos interessantes sobressaem desta lista de candidatos às estatuetas de Hollywood. Com a excepção de Munique, todos os nomeados para Melhor Filme são produções independentes feitas com orçamentos abaixo dos 30 milhões de dólares (25,4 milhões de euros).

Pela primeira vez em muitos anos, os nomeados para Melhor Realizador coincidem exactamente com os nomeados para Melhor Filme O Segredo de Brokeback Mountain e Ang Lee, Steven Spielberg e Munique, Colisão e Paul Haggis, Good Night, and Good Luck, e George Clooney, Bennett Miller e Capote.

Três dos nomeados para Melhor Realizador foram-no com a sua priomeira ou segunda longa-metragem (Haggis e Miller naquele caso, Clooney neste). E Clooney, ineditamente, acumula a candidatura a Melhor Realizador com uma nomeação para Melhor Actor Secundário em Syriana, de Stephen Gaghan, e outra ainda para Melhor Argumento Original, a meias com Grant Heslov, para Good Night, and Good Luck.

Disney fora da corrida

Também pela primeira vez em muitos anos, não há um filme da Walt Disney nomeado para Melhor Longa-Metragem de Animação. O candidato Chicken Little ficou de fora, ultrapassado por O Castelo Andante, do mestre japonês Hayao Miyazaki, por A Noiva Cadáver, de Tim Burton, e por Wallace e Gromit A Maldição Do Coelhomem, de Nick Park e Steve Box.

Eis o estado a que chegou a crise na "casa do rato Mickey", que bem pode abrir os braços à chegada da Pixar.

Três dos cinco actores nomeados na respectiva categoria foram-no em fitas que aspiram ao Óscar de Melhor Filme (Philip Seymour Hoffman, Capote, Heath Ledger, O Segredo de Brokeback Mountain, e David Strathairn, Good Night, and Good Luck). Só Joaquin Phoenix (Walk the Line) e Terrence Howard (Hustle & Flow) ficaram desenquadrados.

Já na categoria de Melhor Actriz, nenhuma das cinco nomeadas o foi por um papel nos títulos indicados a Melhor Filme. Judi Dench concorre por Mrs. Henderson Presents, Felicity Huffman por Transamerica, Keira Knightley por Orgulho e Preconceito, Charlize Theron por North Country e a grande favorita, Reese Witherspoon, por Walk the Line.

Woody Allen conseguiu "intrometer-se" na categoria deArgumento Original com Match Point, tal como A History of Violence, de David Cronenberg na de Argumento Adaptado. E A Marcha dos Pinguins surge em Documentário de Longa-Metragem.

Bisarmas em segundo plano

Com filmes sobre homossexualidade (O Segredo de Brokeback Mountain), sobre um escritor (Capote), sobre o macarthysmo (Good Night, and Good Luck), terrorismo (Munique) e choques socio-raciais (Colisão) a monopolizar as principais nomeações, os blockbusters de 2005 viram-se relegados para o segundo plano das categorias técnicas, caso de King Kong, A Guerra dos Mundos, ou o último Guerra das Estrelas.

Fortes sinais dos tempos, ou não funcionasse o cinema americano como um muito sensível termómetro dos EUA.

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