Um cowboy a disparar uma arma de raios? Um índio a alvejar com flechas um extraterrestre que derrama sangue verde? Não é natural. Natural é que cowboys e índios se massacrem uns aos outros nos westerns e e os extraterrestres andem a mastigar astronautas pelos filmes de ficção científica. Mas em Cowboys & Aliens, que funde convenções do western com convenções do filme de ficção científica, departamento monstros-extraterrestres-esbuga- lhados-invadem-a-Terra-para-pescar-humanos-e-roubar-minerais, um fora-da-lei amnésico (Daniel Craig) e o seu bando, um barão do gado (Harrison Ford) e os seus homens, e uma mulher-mistério (Olivia Williams), acompanhados do dono de um saloon , um padre, um miúdo e um cão, juntam forças com os Apaches para enfrentarem um inimigo comum vindo dos confins do cosmos. Sim, o argumento é elementar e está, em sofisticação, na razão inversa dos efeitos especiais; os terrestres adaptam- -se com demasiada rapidez e naturalidade à presença alienígena e à sua avançada tecnologia; e os aliens são mais burros e desleixados do que o seu desenvolvimento técnico deixaria prever. Mas a mera ideia de cowboys e índios a batalhar com alienígenas usando armamento desigual é cinematograficamente jubilatória, Jon Favreau mantém o filme com cara séria do princípio ao fim e a acção a galopar, prescindindo do insuportável 3D, Daniel Craig aplica o "tratamento James Bond" a quem quer que lhe faça subir a mostarda ao nariz, humano ou monstro cósmico, Harrison Ford faz bem de epígono de John Wayne e eu cá não me importava nada que Olivia Williams parqueasse a sua nave espacial à beira de minha casa. Cowboys & Aliens é o único blockbuster potável deste Verão inflacionado de super--heróis patetas em 3D.