Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo é a principal causa evitável de doença e morte no mundo ocidental. Apesar de a maioria das patologias a ele associadas surgir na idade adulta, o tabagismo inicia-se muito cedo. Cerca de 80% dos fumadores inicia o consumo de tabaco antes dos 18 anos e o pico da iniciação nos países ocidentais, incluindo Portugal, ocorre entre os 11 e os 15 anos..O facto de a iniciação tabágica ocorrer precocemente tem um forte impacto nos riscos e nas consequências de fumar. Começar a fumar nesta fase do desenvolvimento prejudica o processo de maturação dos pulmões e do sistema nervoso central, e os adolescentes que experimentam fumar nesta idade têm um risco elevado de se tornarem dependentes. Quanto mais cedo ocorrer a iniciação, mais rápida será a transição para o comportamento regular, mais cigarros serão consumidos por dia no futuro, mais grave será a dependência e, consequentemente, maior será a dificuldade para deixar de fumar, mais longo será o percurso como fumador e piores serão os danos para a saúde. .Em Portugal, os estudos mais recentes indicam que a prevalência de raparigas fumadoras é já superior à dos rapazes, confirmando-se a presença de vários problemas nos adolescentes que fumam. Estes são menos felizes, têm mais sintomas de mal-estar físico e psicológico, têm uma alimentação menos saudável, fazem mais dietas e expressam maior desagrado com a imagem do seu corpo. Apresentam também com mais frequência comportamentos de experimentação e de consumo de álcool e drogas ilícitas, e envolvimento em situações de violência, existindo dados que sugerem que o tabaco é cada vez mais a primeira droga que os adolescentes portugueses experimentam, substituindo o álcool como "porta de entrada" para uma eventual carreira de consumo de drogas. .Destacam-se então como factores de protecção o envolvimento da escola e da família na prevenção do tabagismo. Desde logo a família, que mais do que procurar reprimir o comportamento tabágico (até pelo efeito contrário que isto pode ter, graças à atracção pela transgressão que tantas vezes ocorre nos adolescentes) deve promover um estilo de vida saudável. A escola, que deve proporcionar informação cientificamente sustentada tanto em termos biológicos como psicológicos, explicando as causas do consumo de tabaco na adolescência, como a tentativa de afirmação e aceitação perante os pares, expondo e desmistificando estes processos psicológicos aos olhos dos próprios adolescentes. .Mas, mesmo com uma prevenção mais eficaz, continuará a haver adolescentes que começam a fumar. Importa, portanto, desenvolver mecanismos para que eles possam deixar de o fazer. Se é certo que a maior parte das pessoas que decidem deixar de fumar o fazem sem recurso a qualquer apoio, é também verdade que muitas necessitam de ajuda para o fazer. É por isso imprescindível que projectos como a Linha SOS Deixar de Fumar (808 20 88 88) ou as consultas de cessação tabágica nos centros de saúde sejam apoiados e desenvolvidos, pois produzem enormes benefícios na melhoria da saúde futura destes cidadãos, reduzindo as patologias a que estarão sujeitos (e os seus custos) e aumentando a sua esperança de vida.