O rapaz forreta que sonhava jogar no Sporting
Homem de piadas, os amigos costumam brincar com Vasco Palmeirim por estar há mais de cinco anos para tirar... a carta. "Já se fala que anda a tirar a carta desde o arranque das Manhãs da Comercial. Há uns quatro anos, começou a ter aulas de código, mas depois inventou mil e uma desculpas para sair", ri-se Vanda Miranda, amiga e colega no programa das manhãs da Rádio Comercial. Uma situação que se explica por influência familiar. "Os pais do Vasco não tinham carro nem carta. Ele habituou-se desde sempre a andar de transportes públicos", acrescenta a animadora. Ainda assim, nem o facto de não conduzir faz que Palmeirim deixe de ser um GPS humano. "Sabe sempre os caminhos todos, mesmo que só tenha ido uma vez", explica Vanda.
Certo é que mesmo sem carta o animador de rádio vai a todo o lado. "Hoje também não se esforça porque tem motorista. Tem a namorada, que conduz, e pronto, vai a todo o lado", ri-se a amiga. Esta é apenas uma das muitas características de Vasco Palmeirim, o homem que está prestes a saltar da cadeira de jurado de Feitos ao Bife para o lugar de apresentador, em substituição de Catarina Furtado.
O "Camisas" da católica
Lisboa, 29 de agosto de 1979. Maria José, bailarina, e Manuel, maestro, viam o rosto daquele que viria a ser um dos mais conhecidos animadores de rádio. Nascia Vasco Palmeirim, o menino que começou a andar e a falar "bastante cedo". A infância foi passada em Lisboa, estudou em várias instituições de ensino, desde o Colégio Inglês ao Liceu Filipa de Lencastre, passando também pela Escola Luís de Camões. O ensino universitário, esse, foi na Universidade Católica, no curso de Comunicação Social.
E foi no primeiro dia de curso que conheceu aquele que ainda é hoje seu amigo e... concorrente na rádio. André Henriques, animador das manhãs da RFM, ainda se recorda da primeira vez que se cruzou com Palmeirim. "Conhecemo-nos no primeiro dia de caloiros. Tivemos logo uma boa química e fomos da mesma turma", conta, acrescentando: "O Vasco era igual ao que é hoje. Com menos três quilos, mas já era um puto muito extrovertido, cheio de piada e... viciadíssimo em bola", refere à Notícias TV.
O vício era tal que o sportinguista chegou mesmo a sonhar com uma carreira ligada ao mundo do futebol. "Quando era puto, o meu sonho era um dia jogar à bola. Onde? No Sporting, claro. E também joguei ténis", recorda. "Mas fui crescendo e percebi que isso seria difícil".
Quem hoje o conhece, se com ele se cruzasse nos tempos da universidade talvez não o reconhecesse. É que Palmeirim chegou a usar o cabelo comprido nesses tempos. "Era comprido mesmo, rabo de cavalo, uma coisa pavorosa e andava com duas camisas de cada vez. Aliás, era chamado "o Camisas"", recorda Margarida Moura, produtora das manhãs da Comercial e também colega de curso. "As duas camisas vestidas e uma T-shirt do Calvin and Hobbs por cima é um clássico do Vasco", confirma André.
Bom aluno, "interessado e muito criativo", Palmeirim queria vingar no pequeno ecrã, mas descobriu outra paixão: a rádio. "Na Católica, na cadeira de Radiofónica fazia-se o trabalho prático, mexíamos no rádio mesmo. E em televisiva nem por isso", enaltece Margarida Moura.
O estágio na Mega e a chegada à Comercial
Já licenciado, e a par de André Henriques, estagiou na Mega FM, em 2002. A dupla fazia parte da produção do programa das manhãs, mas Palmeirim nunca chegava antes das... 11.30. "Depois ficava a trabalhar até às quatro da manhã. Gostava era de trabalhar à noite, com o silêncio dele...", conta o amigo. A passagem para animador deu-se cerca de quatro anos depois e, na Mega FM, durou pouco mais de um ano, até que chegou o convite de Pedro Ribeiro para ingressar nas Manhãs da Comercial. "Custou-me imenso vê-lo partir. Foi na altura em que eu passei a animador e tinha-lhe dito: "Vasco, é agora que vamos mandar nisto tudo", ao que ele me respondeu "mas tenho que me ir embora, o Pedro chamou-me"", recorda o animador de Café da Manhã, da RFM.
Setembro de 2007. Palmeirim estreia-se nas Manhãs da Comercial. "Demo-nos bem logo, embora eu lhe tenha trocado o nome e lhe tenha chamado Vasco Vilarinho quando o apresentei", ri-se Vanda Miranda, hoje uma das suas melhores amigas, a par de Nuno Markl, outro dos colegas do programa matinal. "Ele já não é uma promessa: por esta altura, só quem anda muito distraído é que ainda não percebeu que o Vasco já é a confirmação", elogia o colega.
Da Rádio Comercial ao canal Q foi outro pequeno passo. Palmeirim faz parte do canal das Produções Fictícias desde o arranque, há três anos, e atualmente apresenta A Costeleta de Adão, com Ana Markl. "É engraçado porque nos conhecemos estava eu a sair da casa de banho e tivemos imediatamente empatia", ri-se a apresentadora, comparando a química que os une à da dupla das manhãs da TVI. "Nós somos o Goucha e a Cristina do panorama indy televisivo. Temos mesmo uma química natural".
Os tiques de vedeta e... o par de estalos
Os amigos não têm dúvidas: ele é "transparente", "inteligente", "bom camarada" e "preocupado". "As pessoas às vezes podem pensar que ele é só aquele show off e tal, mas a realidade é que é mesmo muito perspicaz e atento e que trabalha muito para conseguir o resultado final", refere Pedro Ribeiro. E "tem a mania de que é desportista, mas não é". "Aliás, naquela equipa, a única que faz desporto sou eu, apesar de ele estar sempre a dizer que também faz. O praticar desporto, para ele, é ir de vez em quando de bicicleta e fazer muito de vez em quando umas caminhadas", admite Vanda. Outra característica do colega que salta à vista: "É um forreta, é daquelas pessoas muito "controladinhas" com o dinheiro, muito poupado, e nós gozamos com isso".
Bom garfo e com algumas qualidades na cozinha, "gosta muito de criar novos pratos", mas também... "um pouco vaidoso". "Pela maneira como se olha ao espelho", diz Ana Markl. "Ele arruma a roupa em degradée por tons e ainda recentemente gozei com ele, porque tem a ementa para a semana toda escrita numa lista no telemóvel", acrescenta, divertida.
Como homem da rádio, adora música. "Sabe o Baile de Verão de uma ponta à outra, assim como a maior parte dos sucessos da música popular portuguesa", diz Vanda Miranda. Fã dos Beatles, U2, Pink Floyd ou Pearl Jam, adora Jim Carey, "inspira-se muito em John Stuart", e é um fiel seguidor do trabalho de Conan O"Brien e Herman José. Apesar de todo o impacto que tem causado junto do público, já recebeu um aviso de Vanda Miranda. "Costumo dizer-lhe que se ele ficar vedeta, lhe dou dois pares de estalos", remata, a rir.