O papel futuro da Ilha Terceira nas relações entre Portugal, a Europa e os EUA

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A Ilha Terceira, através da Base das Lajes, sempre desempenhou um papel essencial, mas profundamente negligenciado por todos os poderes políticos (regional e nacional), nas relações entre os EUA e a Europa. Sempre foi o elo mais fraco dessa relação, sendo de longe a mais prejudicada, vendo permanentemente o seu desenvolvimento adiado ou impedido. Um bom exemplo foi o que se passou aquando do "downsizing" das forças militares dos EUA, em que os benefícios foram para os do costume. Falo específica e objetivamente da Delta Air Lines.

Outro exemplo claro é a FLAD e a sua existência, que, fruto de uma política externa regional desastrosa e isolacionista, nos leva a que a ilha não tenha qualquer retorno da sua existência. A Terceira não precisa, nem quer, receber dinheiro pela utilização da Base das Lajes - não andamos de mão estendida -, mas precisa, e quer, poder desenvolver-se através da otimização das infraestruturas existentes, nomeadamente do seu porto e aeroporto. O que claramente não acontece.

A participação da CCAH neste importante fórum da AmCham, que se realiza hoje em Lisboa, insere-se numa estratégia de crescimento, desenvolvimento e abertura ao exterior da Ilha Terceira, após anos de uma política espartana de desenvolvimento unipolar dos Açores, que nos levou onde estamos: a região mais pobre do país. Algo que a todos nós deve envergonhar. É com este passado que queremos claramente romper. Entendemos o nosso desenvolvimento futuro tendo por base 3 grandes eixos/áreas/pilares económicos, a saber: Agricultura/Agroindústria; área tecnológica/digital; e o turismo. É com o foco no segundo e terceiro que nos apresentamos e damos a conhecer.

A Ilha Terceira, para otimizar a sua localização geoestratégica única, dispõe de um aeroporto e um porto com condições ideais para alavancar as relações comerciais entre Portugal/Europa e os EUA, nomeadamente no que à instalação de um posto avançado de "customs" diz respeito, ou a criação de um "braço" de um dos saturados portos da Costa Leste dos EUA como é, por exemplo, o caso de Hudson. Isto sem nunca perder o papel essencial que tem de desempenhar na economia e transportes internos.

No que à área tecnológica/digital diz respeito, somos a Ilha dos Açores com maior número de incubadoras e startups, o que é revelador da dinâmica que se vive neste ecossistema. Neste capítulo em particular o TTI (Terceira Tech Island), um projeto em que a CCAH conta com uma parceria muito próxima com a vice-presidência do Governo e a Secretaria Regional das Finanças, pretendemos, utilizando as instalações (casas e escola) deixadas pelos norte-americanos à região, criar condições para a instalação de nómadas digitais e a captação internacional de patentes, tal como a criação de uma Business School em parceria com instituições nacionais e internacionais.

A dinamização da Silver Economy é uma área em que queremos apostar fortemente no futuro. Prova do mindset deste povo é a Glex Summit, um importante evento que reúne os maiores exploradores mundiais, ou a realização, já em novembro, da primeira missão análoga em Portugal: a Missão CAMões. Uma missão análoga a Marte, que conta com a parceria da NASA e da AESA, superiormente liderada pela professora Ana Pires do INESC TEC, que colocará definitivamente a Ilha Terceira na rota destas duas importantes instituições mundiais.

Queremos claramente mostrar que apostar na Terceira é apostar no futuro, muito fruto de uma geração jovem que quer mudar o paradigma de desenvolvimento da Ilha, e dos Açores através desta.

Presidente da Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo

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