O Papa no Rio para manter Cristo rei

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Ainda no avião, disse aos jornalistas brasileiros: "Vocês já têm Deus brasileiro e ainda querem um papa?!" Brincadeira de quem joga em casa, mas o Papa Francisco sabe que está longe de poder levantar o cálice da vitória. O Brasil é a maior nação católica (123 milhões de fiéis), mas no país do futuro a tendência é que conta: se o Censo de 2010 deu 64,6 por cento de brasileiros católicos, o jornal O Globo, ontem, calculava os católicos, em 2030, abaixo de metade da população: 47 por cento. Ainda assim, acima do que são, já hoje, no estado que recebeu o Papa: só 45,8 por cento dos fluminenses (naturais do estado do Rio de Janeiro) se dizem fiéis da Igreja de Roma. Aliás, o Rio de Janeiro é o estado brasileiro com menos católicos. Dizia um célebre e já desaparecido filho da cidade: "Deus existe. Mas não é a full time" (Millôr Fernandes). Pelo menos na Cidade Maravilhosa, o Deus católico tem preguiçado. Ali, as igrejas evangélicas são quase um terço, bem acima da média nacional. O sucesso da receção ao Papa Francisco foi notório, ontem, mas isso pode não ser um índice fiável: "A visita do Papa é como construir um estádio de futebol em Brasília [capital e das raras cidades brasileiras pouco dadas ao futebol]", dizia também a O Globo um investigador. Que concluía: "Enche no jogo da Copa do Mundo, mas não tem público depois..." Imagem adequada na pátria de Neymar, ao receber um conterrâneo de Messi.

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