O Mediterrâneo não pode ser um mar de tragédias

Publicado a
Atualizado a

A Assembleia Parlamentar do Mediterrâneo é um fórum, constituído por 28 países da bacia do Mediterrâneo e dez observadores, onde os parlamentos da região se unem e operam movidos pelos objetivos comuns de criação do melhor ambiente e condições políticas, sociais, económicas e culturais para os cidadãos dos Estados membros.

A Assembleia Parlamentar do Mediterrâneo reúne anualmente e a sessão plenária de 2017 realizou-se na cidade do Porto, em 23 e 24 de fevereiro, conforme a proposta apresentada pela delegação portuguesa em Tirana- Albânia.

A 11.ª sessão plenária da Assembleia Parlamentar do Mediterrâneo constituiu um acontecimento de grande relevância para a cidade do Porto e para a região, prestigiando Portugal.

O envolvimento do governo, da Universidade do Porto e autarquias, bem como de outras organizações internacionais, como a Assembleia Parlamentar da OSCE, deu à reunião um valioso contributo para formatar um conjunto de ideias e incentivar a nossa ação política.

No rescaldo da iniciativa não se pode deixar de assinalar o êxito total, de exemplar organização, de uma sessão que contou com a maior participação de sempre, em que obtivemos a presidência da Assembleia Parlamentar do Mediterrâneo para Portugal nos próximos dois anos.

Durante os dois dias de trabalhos debateram-se temas tão importantes como Migrações, Cooperação e Segurança, Cooperação Económica no Mediterrâneo e ainda Ciência, Investigação e Inovação.

Estávamos cientes da importância de demonstrarmos ao mundo que, ao contrário de outros mares que separam os povos, o Mediterrâneo é um mar que une diversas culturas e civilizações.

Com uma história rica e de extrema importância geoestratégica, o Mediterrâneo foi usado na Antiguidade como rota comercial por fenícios, gregos e romanos, sendo até hoje palco do cruzamento de culturas e civilizações.

Não podemos permitir que o Mediterrâneo se transforme, como tem vindo a acontecer, num mar de tragédias!

A bacia do Mediterrâneo tem de continuar a ser o que sempre foi, um espaço de diálogo, um polo de desenvolvimento económico, social e ambiental.

Vivemos um período da história particularmente exigente em matéria de solidariedade, de insegurança, de crises e conflitos regionais que se transformam numa crise à escala global.

A crise dos refugiados, as migrações e o terrorismo estiveram no centro das preocupações de todos os participantes e assim foram aprovados quatro relatórios e recomendações da maior importância para vencer este desiderato, subordinados aos temas: Contra terrorismo; Desafios de segurança relacionados com as migrações; Desafios das alterações climáticas, depois de Paris e de Marraquexe; O impacto da Primavera Árabe na economia do Mediterrâneo; A proteção do património cultural e Os direitos humanos.

Os conflitos regionais, cujos efeitos vão muito para além da sua origem, a crise económica e social que se instalou na Europa e noutros continentes, exigem a nossa atenção e o nosso empenhamento para minimizar os seus efeitos, impondo-se uma diplomacia parlamentar ativa, determinada e eficaz.

Portugal, pela sua posição geográfica e pelo seu exemplo de moderação, demonstrado ao longo da sua história, foi o palco ideal para reuniões frutíferas que fomentaram o avanço da Assembleia Parlamentar do Mediterrâneo enquanto organização que promove a paz, a segurança, a democracia e o progresso nos nossos países.

No Porto, reuniram-se cerca de 200 participantes dos países que representam 500 milhões de cidadãos, recaindo sobre nós a enorme responsabilidade de estarmos à altura da nossa história coletiva, alicerce que nos sustenta na construção de um futuro melhor.

Eram estes os nossos objetivos, que foram amplamente atingidos a bem da humanidade e de um mundo mais próspero, mais fraterno e igualitário.

Presidente da Delegação Portuguesa à APM

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt