O duelo de Messi com Anderson

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O slogan ("América concentrada na sua paixão") que anuncia a competição na Venezuela, mais concentrada no basebol, não parece muito verosímil, visto de fora, mas é animador, prometedor até. E mesmo Hugo Chávez esqueceu as diatribes políticas (ainda não se conhecem alfinetadas na selecção dos Estados Unidos do inimigo George W. Bush) para fazer charme. Continua com um tom um pouco beligerante, é certo, mas amigável. "Vamos golear o Brasil e a Argentina", glosou o presidente do país anfitrião. Chávez colocou a tónica ao nomear as equipas que a modesta Venezuela sonha golear: é de Brasil e Argentina que se trata quando se fala da Copa América 2007 (42.ª edição), que arranca na terça-feira e termina no dia 15 de Julho.

Esta hegemonia dicotómica é todo um passado de rivalidade na América do Sul - a competição, nos últimos anos, estendeu-se ao Centro do continente, com as presenças dos convidados México e Brasil. Um passado com largo futuro, porque a Venezuela vai assistir a dois duelos que asseguram os dias de hoje (o dos números 10 Riquelme e Diego), mas que projectam desde já os de amanhã, depois do agora: Messi e Anderson.

O duelo Argentina-Brasil é ainda sublinhado pelo recente duelo na final da Taça Libertadores, máximo troféu local de clubes: ganhou folgadamente o Boca Juniors, com Riquelme a castigar o Grêmio de Porto Alegre. Tanto que no Brasil sucederam-se os exercícios de expiação - o Globoesportes fez um exercício "10 razões para não temer"/"10 razões para temer" o médio argentino. Com piada, mas propositado, porque a discussão do título na Venezuela terá o dedo experiente do jogador que o Villareal não quer (o clube assume que é dos melhores do mundo, mas mantém-no no mercado). Porque parece que se Riquelme funciona, a Argentina brilha - e o inverso também, tanto que Juan Román já se tinha despedido da alviceleste, mas cedeu ao convite do veterano treinador Alfio Basile.

E esta (Brasil/Argentina) é uma discussão que apura ainda a selecção do momento, além do jogo de orgulhos nacionais que envolve a rivalidade dos dois vizinhos do Sul do continente. O Brasil tenta renovar--se, após a desilusão do Mundial 2006; a Argentina parece ligeiramente à frente, por ter começado mais cedo um novo ciclo - na Alemanha foi menos má. E pela boleia no ascendente de clubes, na relevante Libertadores.

Pelo meio ficaram já as habituais trocas animadas de galhardetes entre brasileiros e argentinos, sobretudo através da imprensa. O mais relevante terá sido o que envolveu Carlitos Tévez, astro no país de Maradona, e o defesa Gilberto, modesto perante a galeria de estrelas da representação do país de Pelé. Tévez disse simplesmente que não era concebível um argentino pedir dispensa da selecção, o defesa do Hertha de Berlim veio em defesa de Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Zé Roberto (a propósito, ontem o Globoesportes fazia um sugestivo roteiro das férias destes craques enquanto os companheiros trabalham para a Copa América: "Craques passam as férias em viagens" - uma indirecta directa ao facto de as viagens serem um dos argumentos para justificar o cansaço e legitimar a dispensa). Disse Gilberto: "Tévez não tem autoridade para falar disso. Já estamos habituados a que diga uma coisa agora e outra depois. Onde é que ele joga?", atirou o defesa.

Além deste ansiado duelo, a Copa América terá seguidores directos em Portugal. lá estarão Helton (apesar de ficar com o número 1, segundo a imprensa, parece em desvantagem para Doni), Fucile e Lucho González, todos do FC Porto; Rodríguez (Braga), Mojica (Paços de Ferreira e Edder Pérez (Marítimo).

Terça-feira arranca a festa e com Maradona: dá o pontapé de saída em Mérida.|

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