A imagem no canto esquerdo da pagina inicial do sítio do Dínamo de Moscovo na Internet não deixa dúvidas. Tanto como o «D» grande em fundo azul, Lev Yashin é o grande símbolo de identificação do clube moscovita. O «Aranha Negra», considerado o melhor guarda-redes da história do futebol (a quem Eusébio bateu de penalty no Mundial de 66), foi o maior factor de internacionalização do nome do Dínamo. Mais ainda que os seus 11 títulos soviéticos ou a final da Taça das Taças, perdida para o Glasgow Rangers em 1972, em Barcelona. Embora na sua história se registem outros factos únicos, como a vitória na primeira edição do campeonato soviético (1936) ou uma célebre digressão pelas Ilhas Britânicas, imediatamente após o final da II Guerra Mundial, e na qual o Dínamo fez sensação ao bater o Arsenal e o Cardiff City e empatar com Chelsea e Glasgow Rangers. A digressão deu mesmo origem a um musical em Moscovo - 199, o registo de golos alcançado pela equipa nos quatro jogos realizados em terras britânicas. Mas a maior referência é mesmo Lev Yashin, que, durante a vida inteira, actuou apenas num único clube: o Dínamo de Moscovo, que defendeu entre 1951 e 1970 - por 21 anos. Durante essas duas décadas, sempre como titular, Yashin sofreu apenas 326 golos, uma média espectacular de 16 por ano. O Dínamo, literalmente, era Yashin e mais 10. E, com Yashin, ganhou 5 campeonatos soviéticos. Com a reforma do «Aranha Negra» começou a curva descendente do Dínamo, que apenas arrecadou mais um título da URSS, em 1976. A perestroika e o desmembramento do antigo império soviético, já na década de 90, constituíram mais um forte impulso para o declínio do Dinamo, que, nos 13 campeonatos pós-era comunista viu os rivais Spartak (dez), Lokomotiv (dois) e CSKA (um) repartirem o protagonismo. Na última época, o Dína-mo esteve mesmo a um passo da descida de divisão acabou o campeonato em 13.º, com 29 pontos, mais um apenas que o relegado Kuban. Mas tinha já dado um passo mais importante: em Setembro passado, 51% das acções da sociedade foram vendidas a Alexei Fedorichev, antigo jogador do clube, que promete fazer voltar o Dínamo aos tempos de glória de Yashin. Com reforços «portugueses».