Alívio era visível entre clientes e empregados de gasolineiras e supermercados .O empregado rasga o papel que tapa a bomba e atira-o para o caixote do lixo. O aviso de falta de gasolina improvisado numa folha A4 já não serve para nada neste posto da Galp em Lisboa. Afinal, já há gasolina e gasóleo. "Chegou há bocado. É pouco, uns mil litros, mas dá para desenrascar a manhã", diz. E será que não vai precisar do papel novamente? "Estamos à espera de outro camião cisterna, não deve haver problemas.".Depois da corrida às bombas de gasolina na quarta-feira, o fim da paralisação dos camionistas trouxe o regresso à normalidade na maior parte dos postos de abastecimento. Os combustíveis e os produtos em falta nos supermercados começaram a ser repostos durante a noite e ao fim da manhã a situação já estava quase normalizada. Os avisos de falta de combustível foram sendo arrancados e as bombas que tinham fechado reabriram. Mas em algumas, o reabastecimento tardou a chegar. "Primeiro vão abastecer os postos das auto-estradas", diz um funcionário da Repsol das Olaias, ainda sem gasóleo. .No posto da Galp dos Olivais, a fila de cerca de 100 metros desapareceu assim que os pinos que bloqueavam a entrada foram retirados, por volta das 11.00. O ambiente era de alívio, entre condutores e empregados. "Estava no vermelho. Mais um bocado e tinha de empurrar o carro até aqui", diz Lurdes Sousa. "Mas ouvi na rádio que já está mais cara. É mesmo o regresso ao normal", remata. .A Galp começou por abastecer os postos considerados prioritários, que incluem as bombas na A1 e na A2. Até ao fim do dia, a petrolífera contava ter as gasolineiras do norte do País a 100%, Leiria, Lisboa, Évora e Beja com 95% dos postos a funcionar e Santarém e Faro com 85%. As principais transportadoras de passageiros também foram abastecidas durante a manhã e no aeroporto de Lisboa a situação ficou "dentro dos parâmetros normais" antes do início da tarde. Segundo a Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis o abastecimento dos postos ficará totalmente reposto durante o dia de hoje..A reposição dos stocks nos supermercados da Continente e Modelo, da Sonae, também começou durante a noite. Depois de três dias de paralisação que afectaram todas as lojas, não havia tempo a perder, apesar de a Sonae garantir que não houve rupturas. Até amanhã deverá ficar tudo normal, mesmo nos armazéns. No Continente do Vasco da Gama, em Lisboa, o bloqueio sentiu-se sobretudo nos "bens perecíveis: carne e legumes", explica o director de loja, Rui Gonçalves. Durante a manhã as prateleiras de carne foram reabastecidas, mas as de legumes ainda tinham mais espaços vazios do que o que é costume. Num dos Pingo Doce dos Olivais, havia paletas de produtos corredor sim, corredor não, enquanto os empregados preenchiam os vazios nas prateleiras. Ao fim da manhã, já não se notava nenhum efeito da paralisação. A Jerónimo Martins (Pingo Doce e Feira Nova) pôs toda a frota na rua para resolver os problemas criados pelo bloqueio em 24 horas, mas admite que possa levar 48 até a situação voltar ao normal..Quanto aos prejuízos, a Jerónimo Martins e "Os Mosqueteiros" disseram que ainda estão a fazer contas, que incluem danos nas viaturas e produtos estragados. Por sua vez, a Sonae desvalorizou os prejuízos referindo que houve um aumento da procura, já que a situação causou alguma ansiedade nos consumidores.