O 'Beatle' perdido do futebol

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George Best, o melhor jogador de sempre das Ilhas Britânicas , morreu ontem, aos 59 anos, na unidade de cuidados intensivos do Cromwell Hospital, na zona ocidental de Londres. O mítico futebolista, que estava internado desde a semana passada, não resistiu a uma grave infecção pulmonar e a várias hemorragias.

Virtuoso avançado, muitas vezes comparado a Pelé, Best ficou famoso pelos 466 jogos em que vestiu a camisola do Manchester United, marcando 178 golos. Ao serviço dos red devils, conquistou duas ligas ingleses e uma Liga dos Campeões, frente ao Benfica de Eusébio e Torres.

Mais do que um excelente futebolista, George Best foi a primeira popstar do futebol internacional. No mesmo clube que, décadas depois, "criaria" o fenómeno Beckham, o futebolista ficou famoso pelos seus excessos alcoólicos e extravagâncias sexuais, que lhe valeram a saída de Old Trafford.

Estrela. Nascido a 22 de Maio de 1946, em Belfast, na Irlanda do Norte, George Best foi descoberto por um representante do treinador do Manchester Matt Busby. "Julgo que encontrei um génio", telegrafou então o "olheiro", descrevendo assim o miúdo que aprendera a fintar driblando bolas de ténis. Chamado a Manchester com 15 anos, Best rapidamente encantou os dirigentes dos red devils. Em Setembro de 1963, com 17 anos, realizou o primeiro jogo frente ao West Brom-wich e, duas épocas depois, era campeão inglês.

'Portuguese Conection'. Foi frente ao Benfica que o jogador escreveu algumas das principais páginas da sua carreira. Na noite de 5 de Março de 1966, Best integrou a equipa do Manchester United que "infernizou" a Luz com uma goleada, por 1-5, na segunda mão dos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus. Best marcou dois golos nos primeiros 15 minutos, calando a multidão. A imprensa portuguesa nunca vira tal coisa um futebolista de cabelo comprido, ondulado sobre os ombros, e de táctica apuradíssima. "Quinto Beatle", chamaram-lhe os jornalistas nacionais, rendidos ao seu desempenho, uma alcunha que acompanharia o jogador para toda a vida.

Dois anos depois, em 68, novo duelo. Na final da principal competição europeia, o Benfica voltou a perder com os red devils, por 4-1 (após prolongamento), com Best a liderar a armada inglesa. Com o tento inaugural do prolongamento, o irlandês abria caminho para a primeira vitória de uma equipa britânica na Champions e para a sua eleição como melhor jogador europeu do ano. Eram os anos de ouro do atleta, a que se seguiria um logo declínio, causado pelo álcool.

Este fim-de-semana, a Liga inglesa prestará homenagem a George Best, que será enterrado em Belfast, na sexta-feira.

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