Portugal está a exportar menos vinho, mas está a vendê-lo mais caro. Pelo sexto ano consecutivo, as exportações portuguesas de vinho cresceram em valor. E em 2015 novo máximo histórico foi atingido com 737,3 milhões de euros vendidos aos mercados internacionais. O preço médio é de 2,63 euros, o mais elevado de sempre. Cada litro foi vendido, em média, 2,8% acima de 2014..Os dados são do Instituto da Vinha e do Vinho, cujo presidente considera os números "muito positivos", sobretudo atendendo à performance do mercado angolano. "É o principal destino extracomunitário dos vinhos portugueses e caiu no ano passado quase 24%", frisa Frederico Falcão, que destaca o crescimento sustentado do valor dos vinhos portugueses no mundo nos últimos seis anos..De facto, desde 2010, Portugal aumentou em mais de 20% as suas exportações de vinho, o correspondente a mais 123 milhões de euros arrecadados em seis anos. Já no que ao preço médio diz respeito, o crescimento contínuo data apenas de 2011, mas desde então aumentou 23,4%. Em 2014, Portugal tinha o quarto maior preço médio de exportação, só ultrapassado pela França, pela Nova Zelândia e pelos Estados Unidos..Os maiores contributos para esta evolução advêm dos espumantes, cujo preço médio é já de 8,25 euros por litro, uma valorização de quase três vezes mais face a 2011. O vinho da Madeira é o segundo no ranking dos mais bem pagos, com um preço médio de 6,31 euros por litro (um crescimento de 26,5% nos últimos cinco anos). Já o vinho do Porto, que ocupa a terceira posição, só se valorizou 11% e está nos 4,69 euros..Em termos de mercados de destino, saiba que o Reino Unido, com 4,02 euros de preço médio, os Estados Unidos e o Canadá, ambos com quatro euros por litro, e Espanha, com 3,87 euros, são os países que mais caro estão dispostos a pagar o vinho português..E a que se deve a redução das exportações em volume? Essencialmente a uma quebra de vendas no vinho sem origem, engarrafado e a granel. No total, venderam-se menos 62 272 hectolitros deste vinho, habitualmente designado por corrente e, como tal, de preço baixo. O maior crescimento, em volume, coube ao segmento do vinho da Madeira, mais 9,1%, e do vinho com indicação geográfica, que cresceu 4%..E quanto a 2016, o que se perspetiva para o setor do vinho? "O nosso intuito é, claramente, continuar a crescer todos os anos e temos fortes esperanças de que isso se verifique novamente em 2016", sublinha o presidente do IVV. Frederico Falcão reconhece as debilidades do mercado angolano, bem como do brasileiro, mas acredita que será possível ultrapassar essas limitações.."É natural que as exportações para Angola venham a cair ainda um pouco mais, mas esperemos que o mercado comece a estabilizar. De qualquer forma, temos imensos destinos novos a crescer muito, como os casos da China e da Polónia, que poderão ajudar a suprir essas debilidades. Sem falar, claro, de mercados estratégicos para Portugal, como os Estados Unidos e o Canadá, que estão, também, a crescer muito [16,3% e 14,6% respetivamente]", frisa este responsável.