O adiamento, por um ano, da entrada em vigor dos novos programas de Português do ensino básico - que deveriam ser aplicados já a partir de Setembro - obrigou as editoras a suspender vários manuais que estavam a preparar para lançar brevemente no mercado, confirmou ao DN o assessor da Porto Editora (PE)..Segundo contou Paulo Gonçalves, a PE, o maior grupo editorial no sector escolar, estava "a trabalhar há um ano e meio" em cinco projectos para o básico - um para o 1.º ano, dois para o 5.º ano e outros dois para o 7.º ano - que tiveram de "voltar para trás"..Além de novos manuais de Português, estes projectos incluíam "livros de exercícios e recursos multimedia" adaptados aos novos programas. Conteúdos que, agora, poderão ter de ser reconfigurados: "A Porto Editora e os seus autores estão a aguardar a revisão curricular para fazer as alterações necessárias.".Estes manuais, admitiu, "estavam praticamente prontos" e a sua suspensão "afecta não só a editora e os autores como todos os envolvidos, dos paginadores aos fotógrafos", provocando "alguns milhares de euros" de prejuízos..No entanto, o responsável da Porto Editora disse que a empresa aceitou as razões apontadas pelo Ministério da Educação para o adiamento dos programas, numa reunião que decorreu no mês de Fevereiro.."Concordamos que o interesse dos alunos deve ser salvaguardado", disse, numa alusão às explicações do Governo para a não aplicação, este ano lectivo, dos novos programas do básico..Para já, não está definida qualquer contrapartida do Estado pelas perdas dos editores. E a Porto Editora também parece conformada com a perspectiva de suportar os custos desta suspensão.."São contingências de quem trabalha na edição escolar", disse Paulo Gonçalves, acrescentando: "Não é à toa que só meia dúzia de editores consegue sobreviver neste sector.".O DN contactou também o grupo Leya, o segundo maior operador do sector, com editoras como a Texto e a Asa. No entanto, fonte da empresa disse apenas que não serão feitos "quaisquer comentários" sobre a suspensão e as suas implicações..Na origem do adiamento - e promessa de revisão - da entrada em vigor dos novos programas de Português do básico estão várias alterações coincidentes..Desde logo, a promessa, assumida pela ministra Isabel Alçada, de promover uma revisão curricular em todo o básico, de forma a criar condições para que os resultados dos alunos melhorem e se torne possível concretizar a - agora obrigatória - escolaridade de 12 anos..Parte dessa ambição passa também pelas metas de aprendizagem que estão a ser traçadas, de forma a assegurar que, a cada ano lectivo, os alunos adquirem determinados conhecimentos considerados imprescindíveis. Por último, terá de ser acautelada a aplicação do Acordo Ortográfico.